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Não às portagens por um interior desenvolvido

Dotar a Guarda de uma A23 e de uma futura A25 sem portagens, foi dar mais alento a esta região, criar mais esperanças nos que teimam ficar por aqui e, como tal, contribuírem para a não desertificação deste interior, tantas vezes esquecido pelo poder central. Foi e está ainda a ser uma verdadeira medida de descriminação positiva para o interior beirão, mas que o actual Governo nos quer retirar sem que tenha em conta as penalizações que tal posição arrastará.

A redutora pretensão de integrar portagens nas actuais SCUT deixará esta área geográfica cercada de portagens nas suas principais ligações com o restante território nacional, sem que existam alternativas condizentes com as necessidades actuais das pessoas e dos agentes económicos.

Com certeza desconhecerão os nossos governantes que mesmo onde existem ainda estradas nacionais como alternativa às auto-estradas, essas vias atravessam povoações onde o aumento do fluxo de trânsito reduzirá drasticamente a segurança das populações visadas.

E onde não existem alternativas? Será através das estradas municipais que se irão efectuar os percursos?! Quem custeará a sua manutenção e conservação, quando todos nós conhecemos a degradação que o trânsito de pesados provoca?!

Será que este interior não merece, ao menos uma vez que seja, um gesto de Solidariedade e Justiça por parte do resto do país de modo a reduzir as assimetrias territoriais que o poder central parece teimar em manter e contribuir também para uma maior qualidade de vida não só das regiões interiores, mas também, e consequentemente, dos grandes centros urbanos?!

É que, afinal, neste Portugal onde os governantes tanto apregoam que os portugueses devem ter iguais direitos e oportunidades, a desculpa da igualdade não serve para o tão proclamado chavão do “utilizador/pagador”. Quem financia os dispendiosos túneis, sem portagens, na ilha da Madeira? E não serão igualmente os impostos de todos os portugueses que subsidiam anualmente a Carris e o Metro, que só servem os utentes da região de Lisboa?!

Por outro lado, em termos de oportunidades, é necessário não esquecer que os nossos jovens têm de se deslocar para os grandes centros à procura de cursos superiores que não são criados no interior! E que os nossos doentes e seus familiares têm que se deslocar para ter acesso a tratamentos especializados inexistentes nas zonas raianas!

Afinal, parece que aos olhos do actual Governo, nós beirões, somos iguais aos restantes portugueses apenas para sermos penalizados, pois em termos de direitos e benefícios continuamos a ser cada vez mais diferentes e esquecidos.

Este interior, que também é Portugal, merece mais e melhores oportunidades e de fortes contributos, como é o caso da A23 e da A25 sem portagens, para cativar potenciais investidores e aumentar as capacidades competitivas das empresas existentes.

António Saraiva, presidente da concelhia da Guarda do PS

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