Da longevidade da minha idade, pouca coisa já me surpreende. (…) Mas há dias em que esta espécie de imunidade se desvanece.
Um destes dias, fui “convocada” para realizar um exame médico. Desloquei-me ao CEDIR, na Guarda, onde fui “convidada” a desembolsar 50 euros certinhos por uma ecografia. E trata-se, apenas, de um meio de diagnóstico – não de uma cura certeira para as minhas maleitas.
Entretanto, e enquanto esperava para ser chamada para uma das salas onde são realizados os exames, apercebi-me – pouca delicadez da minha parte, dirá o leitor – das quantias desembolsadas pelos restantes utentes (doentes) que se encontravam no local. Pouco mais de 100 euros, 70 euros, 50 euros, 60 euros, novamente 50 euros… (…) Enquanto ali estive só uma pessoa pagou uns meros trocos para realizar uma ecografia mamária. (…) Ocorreu-me a dificuldade com que a maioria das pessoas estaria a desembolsar semelhantes quantias. (…) E os utentes que não podem pagar valores tão avultados?
Foi triste o que presenciei nesse dia. Na sala encontrava-se um senhor idoso a quem foi difícil explicar que o seu exame não custava cinco euros, mas sim 50. E o homem, com dificuldades de locomoção e aparentemente sem grandes posses, lá foi tirando uma série de notas da carteira.
Entretanto, revoltada com estes preços, resolvi fazer uma espécie de “sondagem” por outros centros de exames. O meu exame – que me foi dito não ser comparticipado, nem nunca ter sido – é comparticipado num centro de exames em Castelo Branco e noutro, em Grândola. Ali custar-me-ia pouco mais de três euros. E mesmo que quisesse pagar a ecografia na totalidade, custaria 35 euros em Grândola e 43 em Castelo Branco. Algo deve, então, estar errado na Guarda. Porque é que no CEDIR se pagam os “olhos da cara” para realizar um exame? As autoridades conhecem a tabela praticada? Quem ganha com tudo isto?
Maria Gonçalves Ferreira, Guarda
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