António Costa acusa a coligação PSD/CDS de ter um «programa escondido» e de «não dizer a verdade» aos portugueses. «O seu verdadeiro programa é continuar a austeridade e aplicar novos cortes nas pensões de 600 milhões de euros», avisou o líder do PS na Guarda, na noite de segunda-feira, onde participou num jantar comício.
O socialista teve uma boa casa no pavilhão da Fundação Inatel – cerca de 1.400 pessoas, de acordo com a organização – que o ouviram afirmar que a atual maioria também quer privatizar a Segurança Social, o Serviço Nacional de Saúde e «atacar» a escola pública. «Nestas eleições o que está em causa é quem merece e quem não merece confiança para governar Portugal», disse António Costa, lembrando que a atual maioria ganhou em 2011 «a jurar que não cortava as pensões e cortou, a jurar que não aumentava os impostos e depois aumentou». O candidato a primeiro-ministro recordou também que a coligação comprometeu-se «a fazer crescer a economia e reduzir a dívida», mas, no final da legislatura, «a economia está ao nível de 2002 e com a dívida maior que alguma vez o país já teve».
Por isso, o secretário-geral do PS concluiu que «nada vale ganhar o voto hoje para perder a face amanhã». Nesse sentido, António Costa anunciou que é sua intenção «aliviar a classe média da asfixia fiscal a que está sujeita, repor as pensões e criar condições para que as empresas possam voltar a investir». O líder socialista quer ainda garantir «o futuro da Segurança Social» através da diversificação das fontes de financiamento do sistema e do combate ao desemprego. Na sua intervenção, o candidato adiantou que as propostas governativas do PS são de «mais crescimento, mais emprego e menos emigração, com melhores serviços públicos e menos desigualdades, com mais dignidade de Portugal na Europa e com menos posição submissa de Portugal na Europa».
António Costa admitiu igualmente na Guarda que a descentralização é a «grande reforma» que falta fazer no Estado, sublinhando que, com as devidas competências e recursos financeiros, as Juntas de Freguesia e as Câmaras Municipais «gerem melhor os dinheiros públicos e servem melhor as populações». A finalizar, o líder socialista disse que estas legislativas são um desafio «difícil», mas declarou ter «toda a confiança» na vitória do PS a 4 de outubro. Por sua vez, Santinho Pacheco afirmou que a coligação PSD/CDS «detesta a Guarda», que só é «usada como couto privado de caça ao voto». O cabeça de lista acrescentou que, se forem eleitos, «os neoliberais que estão Governo continuarão a trazer mais pobreza, mais desertificação e encerramento de serviços públicos» e considerou que o voto «inteligente e útil é no PS». O candidato voltou a defender a recuperação da segunda fase do projeto do Hospital Sousa Martins, a construção dos IC 6 e 7, mas também a redução «em 50 por cento» das portagens na A23 e A25.
«Pode ser um bom começo para atrair empresas e criar emprego no distrito da Guarda», afirmou Santinho Pacheco, para quem o impasse vivido com o Hotel Turismo é a «maior vergonha» da atual maioria. «O Estado não cumpriu o contrato celebrado com a Câmara em 2011 e os três deputados eleitos pelo PSD não questionaram o Governo sobre isso, uma vergonha», considerou. Críticas ouvidas com atenção por Paulo Campos, ex-deputado pelo círculo da Guarda, e André Figueiredo, eleito pelo Porto em 2011 mas natural de Seia, dois próximos de José Sócrates. Quem também marcou presença neste comício foi o histórico António Almeida Santos – a filha, Maria Antónia Almeida Santos, concorre em segundo lugar na Guarda.
Luis Martins