A Câmara da Mêda discorda do IP2 com perfil de Itinerário Principal (IP), com duas ou três faixas, entre Trancoso e Macedo de Cavaleiros. É mais um problema para João Mourato, a juntar à contestação ao traçado proposto pela Estradas de Portugal (EP) na zona da Veiga de Longroiva. Mas ambos serão de difícil resolução: «Infelizmente, parece que as lições do passado ainda não serviram para as pessoas de Lisboa tomarem decisões correctas sobre a nossa região», lamenta, lembrando o que se passou com o IP5.
Na última edição, O INTERIOR adiantou que a obra do primeiro troço desta via estratégica para os municípios da zona Norte do distrito da Guarda está pronta para ser posto a concurso. O que deverá acontecer ainda este mês. Da A25, no nó de Açores, até ao Chafariz do Vento, junto a Trancoso, o IP2 terá perfil de auto-estrada e dois nós, localizados próximo das estações ferroviárias de Celorico e Vila Franca das Naves. Do Chafariz do Vento para a frente, até Macedo de Cavaleiros, a via terá apenas duas ou três faixas porque o ministério entende que o tráfego a partir daí não justifica o perfil de auto-estrada. «É uma injustiça que isso se concretize assim», critica o autarca da Mêda, acrescentando ter já contestado essa situação por o Norte do distrito estar «muito prejudicado» em termos de acessibilidades. «Mas vejo que é um bocado difícil mudar as coisas, porque atiram-me sempre com números para sustentar que um IP com três vias é suficiente para esta região», refere.
João Mourato garante que a Câmara de Mêda não vai abdicar de uma ligação «rápida e segura» à A25 e alerta para que se evitem os erros do passado: «Deveria ser uma via com características de auto-estrada porque já tivemos a experiência do IP5. Contudo, o Governo entende que um IP será suficiente a partir de Trancoso e até Trás-os-Montes e Alto Douro», contesta, esperando que a ligação à Mêda seja o troço seguinte a concursar pela Estradas de Portugal até 2009. Contudo, há outro problema para resolver. É que a autarquia discorda do traçado proposto no município por atravessar uma zona muito produtiva em termos vitivínicolas. «O IP2 não deve passar pela Veiga de Longroiva. Temos lutado com os nossos meios e possibilidades para que não seja uma realidade, mas neste momento não temos quaisquer garantias», admite, dizendo continuar à espera de respostas.
A alternativa proposta à EP defende a construção da estrada na outra encosta sobranceira à Veiga, «na parte nascente», onde não causará estragos nas vinhas mais produtivas do concelho. «É profundamente nefasto para aquela zona, e até para o Douro, serem suprimidas vinhas com tão boa qualidade. Acho até que é um caso de lesa-economia, porque é uma das zonas mais apetecíveis para a produção de vinho do Porto», sublinha o edil.
Luis Martins