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José Albano promete «dores de cabeça» a Álvaro Amaro

Novo presidente da Federação da Guarda do PS ganhou com mais 663 votos que o seu adversário, Eduardo Brito

Sem surpresas, José Albano Marques conseguiu um «resultado confortável» na eleição para a presidência da Federação da Guarda do PS. Na última sexta-feira, o vencedor anunciado há meses confirmou nas urnas o favoritismo, obtendo mais 663 votos que o seu adversário. Neste quase plebiscito, Eduardo Brito fez o que pôde e ficou-se pelos 312 votos, contra os 977 do novo líder da distrital socialista.

Esmagadora foi também a diferença dos delegados eleitos para o congresso, agendado para 8 de Novembro. José Albano terá 131 e o presidente da Câmara de Seia apenas 33, até porque só apresentou listas em sete concelhias. No escrutínio para a presidência da Federação, o sucessor de Fernando Cabral venceu em 11 das 14 concelhias do distrito, com excepção de Aguiar da Beira, Seia e Sabugal. Nestas circunstâncias altamente adversas, Eduardo Brito assumiu a derrota num curto comunicado, onde promete «continuar a lutar pelas ideias, projectos e postura política em que acreditamos» nos próximos dois anos. O candidato sublinhou ainda que respeitará «rigorosamente» a escolha dos socialistas. Já José Albano fez a festa na sede, onde chegou muito depois das 23 horas, vindo de Celorico.

À sua espera tinha alguns históricos e muitos jovens, aos quais começou por dizer que a nova liderança da Federação não nasceu de «um arranjo de barões, nem de um entendimento de notáveis» e está sustentada numa «maioria clara». O recém-eleito recordou depois que, com ele, o PS da Guarda vai conhecer «um novo ciclo dedicado ao militante de base». E lamentou que no passado se tivesse vivido «demasiado tempo num clima de falsos unanimismos, de silêncios e equívocos». Os responsáveis por esta situação foram «algumas personalidades que adquiriram no PS um estatuto que lhes dá fácil entrada na comunicação social, mas que raramente se lembram de a usar para entrar nas secções, no debate interno e nas lutas do partido», criticou José Albano, mas sem nomear ninguém.

Posto isto, virou-se para o PSD, cujo líder criticou por «viver exclusivamente para o “snowboard” e para Volta a Portugal em bicicleta». Álvaro Amaro foi ainda acusado de «tentar disfarçar o falhanço da gestão da Câmara de Gouveia e dos municípios social-democratas». Insistindo no autarca gouveense, José Albano sublinhou que recorre «sistematicamente a truques de contabilidade e a “show off” de políticas dispensáveis num concelho que precisa de melhores condições de vida». Pediu-lhe, por isso, que assumisse que as grandes obras públicas em Gouveia e no distrito são da responsabilidade de José Sócrates e do Governo PS. Mais tarde, disse aos jornalistas que vai ser «uma grande dor de cabeça para Álvaro Amaro». Quanto às autárquicas, espera divulgar todos os candidatos até ao final de Dezembro, ou «o mais tardar em Janeiro». De resto, voltou a assumir – como já tinha dito a O INTERIOR – que o seu objectivo é ganhar as 14 Câmaras do distrito.

As eleições em números

Eduardo Brito obteve cerca de metade dos votos na sua concelhia. Em Seia, o autarca e presidente do PS local conseguiu 147 escrutínios, muito mais do que no Sabugal, onde ganhou por um voto de diferença (28 contra 27), e em Aguiar da Beira (23 votos). Com excepção de Seia, a sua mensagem não passou nas maiores concelhias. O domínio de José Albano foi total na Guarda (135 votos), Celorico da Beira (310), Gouveia (138), na Mêda (60) e em Figueira (41). O novo líder dos socialistas também ganhou em Almeida (34), Fornos de Algodres (45), Manteigas (13), Pinhel (26), Trancoso (48) e Vila Nova de Foz Côa (66). Mas nestas concelhias Eduardo Brito limitou os danos, destacando-se os 41 votos conseguidos na estrutura duriense – com o apoio de Emílio Mesquita, autarca local – e, pela negativa, o zero de Figueira.

Luis Martins

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