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Afinal, quem está com Carlos Pinto?

Autarca da Covilhã sugere a saída de Jorge Patrão da Comissão Instaladora do Pólo de Turismo e garante que a sede permanecerá na Covilhã

As contas andam, no mínimo, confusas. Afinal, não são dez, mas apenas dois os municípios que estão com a Covilhã na “batalha” contra os estatutos do novo Pólo de Desenvolvimento Turístico da Serra da Estrela. À margem da última reunião da Assembleia da Comurbeiras, Carlos Pinto garantiu que tem o apoio de «dois municípios» – o Fundão e Figueira de Castelo Rodrigo. Juntos, avançarão «ainda esta semana» com uma acção judicial, pedindo a suspensão dos estatutos da Turismo da Serra da Estrela.

Caso a decisão dos tribunais seja desfavorável, o autarca assegura que não tomará parte do novo organismo. «Para mim, isto é muito fácil: ou há alteração dos estatutos, no sentido de que sejam respeitadores daquilo que é a área turística da região e a legitimidade de quem a representa, ou então seguiremos em frente, com quiser estar connosco», avisa. Sobre o facto de vários municípios terem negado publicamente a decisão de abandonar o pólo, o edil covilhanense é peremptório e assegura que há «uma acta da reunião da Comurbeiras de Pinhel em que todos os autarcas presentes – à excepção de Trancoso, que não esteve lá – concordam com a emissão de um comunicado enunciando medidas a ser tomadas sobre o Pólo de Turismo». «Se houve pessoas que não estiveram presentes e não trataram de perguntar aos seus representantes sobre o que foi decidido nessa reunião, ou se houve autarcas que depois fizeram “marcha atrás”, o problema não é meu», ironiza.

De resto, Carlos Pinto diz que, ao enviar o polémico comunicado, apenas se limitou a executar, enquanto presidente da Comurbeiras, «as deliberações da Junta», insistindo que só «um presidente da Câmara não foi consultado directamente» nesta matéria, «o autarca do Sabugal». Em causa estão os estatutos do novo Pólo, publicados em meados do mês passado, e que Carlos Pinto considera «uma violação do princípio da representatividade e do respeito pelos municípios». Na sua opinião, «as regiões de turismo são a expressão municipal da sua política para a área do turismo», pelo que as autarquias têm «uma palavra maioritária a dizer». Mas as principais críticas dizem respeito à constituição da Assembleia-Geral (órgão que vai eleger a direcção da Turismo da Serra da Estrela), onde «têm de estar forças e representações indiscutíveis do ponto de vista da legitimidade».

Jorge Patrão «camarada» do secretário de Estado

Carlos Pinto diz que não há a menor possibilidade da sede da ex-Região de Turismo da Serra da Estrela – cujo edifício pertence ao município – sair da Covilhã. «Isso é tudo conversa fiada e “bluff” para criar slogans», desvaloriza, considerando que «só demonstra o mercantilismo em que ele [Jorge Patrão] está a pôr o turismo da região». Mas autarca vai mais longe e sugere a saída de Jorge Patrão da Comissão Instaladora (CI): «Um alegado patriota da Covilhã, a primeira coisa de que fala é que a sede sai? Então a melhor forma, se calhar, é sair ele da CI, já que tem tanto problema em que a sede saia da Covilhã», atira, acrescentando que, «em momento algum se falou em mudar o que quer que seja». E riposta: «Se o presidente da Câmara da Covilhã está a dizer que os actuais estatutos são claramente manipulados para servir uma pessoa, isso é razão para que a sede não permaneça na cidade?».

Só que, aparentemente, Carlos Pinto tem uma teoria sobre o argumento usado por Jorge Patrão, que o acusou de pôr em causa a continuidade do organismo na Covilhã. «Ele quer pôr a sede como uma oferta a outros autarcas para continuar como presidente», acusa. «Jorge Patrão usa esta questão para, provavelmente, já ter dito a outros autarcas: “se vocês me mantiverem como presidente, eu levo a sede para o vosso município”, o que claramente põe a nu os seus objectivos, que são apenas continuar a ser presidente de um órganismo de turismo. Ele quer lá saber se a sede está na Covilhã ou noutro sítio qualquer», garante Carlos Pinto. E as críticas não se ficam por aqui. «A legitimidade de Jorge Patrão é nula. A única que tem é ser camarada do secretário de Estado do Turismo e ter sido nomeado para a CI», critica, aludindo ao facto do ex-presidente da Região de Turismo ser irmão de Luís Patrão, director do Turismo de Portugal.

Entretanto, foram eleitos, na última quarta-feira, os representantes dos vários sectores com “assento” na Assembleia-Geral, que será presidida por João Carlos Esteves, da Comissão Vitivinícola da Beira Interior. Apesar da insistência de O INTERIOR, ninguém da parte da comissão instaladora da Turismo da Serra da Estrela quis revelar os nomes dos eleitos, nem os números da votação, chegando mesmo ao ponto de argumentar que alguns deles «poderiam não gostar de verem os seus nomes na comunicação social» (sic).

Rosa Ramos

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