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À procura de bom-senso

Foi publicada, na edição de 9 de Outubro de 2008 do jornal O INTERIOR, uma notícia com o título “Funcionária com incapacidade denuncia trabalho excessivo”. Sem querer questionar o teor da notícia, não posso deixar de fazer o esclarecimento cabal dos factos.

A Ana Isabel, a criança referida na notícia, é minha filha.

No seguimento da informação veiculada, fui questionada por várias pessoas, minhas conhecidas e conhecedoras da situação, sobre as afirmações da auxiliar de acção educativa da Escola de Santa Zita, que possui uma incapacidade de 50 por cento por ser portadora de hepatite auto-imune crónica.

Na verdade, não se coloca em causa (e é importante que se refira este ponto) o atestado da referida funcionária, nem a assinatura do médico que lho concedeu – até porque o conheço bem. Nem sequer o facto de ser uma pessoa com algum tipo de doença – quanto muito, lamento-o. No entanto, tudo o resto que é argumentado é redondamente mentira!

A Ana tem nove anos, frequenta o terceiro ano do 1º ciclo e necessita de apoio. Necessita-o dentro da sala de aula e nos intervalos. Necessita que um adulto a acompanhe. Necessita de alguém que a vigie e oriente, por forma a que sua debilidade e doença não a diminuam e incapacitem na sua vontade de ser “apenas” uma criança normal.

Quanto à senhora em questão, lamentavelmente, nunca esteve com ela, nunca a acompanhou, nem lhe prestou quaisquer cuidados.

De facto, a Ana não fala muito, diz apenas algumas palavras. Mas expressa-se. E expressa-se muitíssimo bem através de gestos – uma linguagem universal que só a senhora auxiliar parece não conhecer. Ao contrário do que a senhora disse a esse jornal, a Ana não é, de todo, incontinente de esfíncteres, pelo que não usa fralda, nem de dia nem de noite. Alimenta-se sozinha, desloca-se de forma autónoma. Não precisa de ser transportada ao colo, brinca com as crianças suas colegas… Enfim… Tudo ao contrário dos argumentos que a senhora auxiliar apresentou.

Não conheço pessoalmente a senhora auxiliar mas, sinceramente, fiquei aliviada por ela ter recusado ficar com a Ana: A minha filha está encantada com a auxiliar que agora a acompanha!

Ao que parece a senhora tem 50 por cento de incapacidade, quiçá, até por isso, deveria ser mais sensível a outras pessoas com dificuldades ou doenças, mas não, prefere acusar a Ana de «várias deficiências» – se bem que não chegou a contactar objectivamente com ela, quando teve de o fazer, imaginem, fugiu, foi para casa com atestado médico. O estranho é que a auxiliar que agora acompanha a Ana o faz com tranquilidade e ainda tem tempo para vigiar e acompanhar outras crianças. O estranho é que há cinco anos que a senhora auxiliar tem este tipo de comportamentos – agora “por causa” da Ana, antes por “culpa” de outras crianças que apenas precisavam da presença de um adulto…

É lamentável que, para que consigam atingir os seus objectivos pessoais, existam pessoas capazes de envolver terceiros (inclusive uma criança com dificuldades).

Aproveito para deixar o meu agradecimento ao jornal O INTERIOR por tornar pública esta situação. É estranho que uma auxiliar venha reclamar sobre o trabalho pelo qual, supostamente, é responsável, ao ponto de recorrer à Comunicação Social e esquecendo-se das suas obrigações profissionais. Obviamente que a Ana precisa de ser apoiada – e está a ser acompanhada por uma outra auxiliar a quem agradeço pelo seu esforço e dedicação.

Manuela Amaral, Guarda

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