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Interesse municipal para azulejos do antigo Café Mondego

Espaço mítico da cidade já foi transformado em banco, instituto de beleza e está em novamente obras para uma óptica

A Câmara da Guarda vai avançar com o processo de classificação dos azulejos do antigo Café Mondego como património de interesse municipal. A decisão acontece numa altura em que o espaço, encerrado no início da década de 90, está novamente em obras para acolher uma óptica após ter sido um banco e um instituto de beleza.

A intervenção está a causar algum receio, sobretudo depois do vereador social-democrata Crespo de Carvalho ter revelado que os painéis foram cobertos por placas de pladur. «Não ponho em causa a iniciativa privada ali levada a cabo, mas, por não ter classificado a tempo e horas os azulejos, a autarquia permitiu que esse património histórico da cidade esteja hoje vedado à vista dos guardenses e em vias de degradação», disse. O eleito lamenta mesmo a reacção tardia do executivo, lembrando que a classificação teria obrigado o proprietário do espaço a preservar os azulejos e a deixá-los à vista de todos. Um tempo perdido que o município quer agora recuperar: «Vamos levar o processo até ao fim», promete o presidente Álvaro Guerreiro, explicando que a declaração de interesse municipal «auxilia, e muito», a possibilidade de intervenção de uma entidade pública junto do proprietário para acautelar e preservar o património em causa. O Café Mondego foi fundado em 1908, mas fechou portas ao fim de mais de oitenta anos. Marcou e inspirou várias gerações de guardenses, tendo por ali desfilado uma parte significativa da história moderna da cidade e os seus principais protagonistas. Tratou-se de um lugar mítico, famoso não só pelos seus bonitos azulejos evocativos das paisagens serranas e outras imagens de referência da região, mas também por ser local de tertúlias encarniçadas contra a ditadura e outro males de então.

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