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Futuro incerto para colectividades da Covilhã

Tertúlia academista reuniu 28 dirigentes associativos na sede do Académico dos Penedos Altos

«O meu mandato está para acabar e, por isso, vou deitar algumas “achas” para a fogueira», começou por ameaçar Carlos Silva, presidente do Académico dos Penedos Altos na passada sexta-feira, durante a oitava edição da Tertúlia Academista que reuniu naquela sede 28 colectividades do concelho da Covilhã.

Pretendendo abordar o tema “O papel do dirigente no associativismo”, a discussão acabou por se cingir ao futuro das colectividades, à falta de apoio moral e aos problemas financeiros que muitas enfrentam. Muitas vivem, literalmente, com a “corda na garganta”, principalmente desde que construíram as novas sedes. «Tenho problemas financeiros e graves. Tenho problemas com os tribunais e até posso ir preso», confessou Carlos Silva. Desde 1997 que se mantém como presidente da direcção e afirma não estar disposto a continuar. No entanto, sossegou os restantes companheiros da colectividade ao anunciar que «ajudará sempre o APA» e que não deixará a colectividade «cair no vazio» caso não apareça ninguém disposto a assumir a presidência, uma realidade que se estende, de resto, a muitas das colectividades. Mas não são as dívidas que o estão a desmotivar pelo associativismo, mas «as críticas no canto» e a «ingratidão» de algumas pessoas ao trabalho que tem sido efectuado na colectividade, com imensas actividades. Mas para Carlos Silva, a situação não se deve à construção da sede, mas à falta de apoios financeiros e à impossibilidade de se poderem auto-financiarem. «Não estou nada arrependido de ter construído esta sede», disse a “O Interior”, pois se a mesma não existisse, dificilmente haveriam as condições para realizar as actividades que possuem.

Opinião que é partilhada, de resto, por um outro dirigente, mas do Águias do Dominguizo. «Se não fizéssemos aquela obra em 1998, nunca a teríamos feito», sustentou José Augusto, culpando o Estado por não apoiar ainda mais estas colectividades, refutando as acusações de que as colectividades estão a sufocar financeiramente por causa da construção das sedes sociais através de um protocolo assinado com a autarquia em 1997.

«Nunca forçámos ninguém a assinar protocolos com a Câmara», afirmou por sua vez o vereador Joaquim Matias, responsável pelo pelouro do associativismo. «Se fosse hoje, trilhava o mesmo caminho», acrescentou, relembrando que a construção de novas sedes era, na altura, a maior necessidade das associações.

Num concelho em que existem mais de 300 associações no concelho, ficou assente a necessidade de haver maior colaboração entre todas e a necessidade de formação, principalmente para tornar o dirigente num gestor. De resto, realçar que marcaram ainda presença na tertúlia academista o delegado distrital do Inatel, Bernardino Gata, e o responsável distrital de Castelo Branco do Instituto Nacional do Desporto, Rui Quelhes.

Liliana Correia

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