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Extensão de saúde de Pala em risco

ARS do Centro quer fechar postos médicos com menos de 100 utentes

A coordenadora da Sub-Região de Saúde da Guarda garante que nenhuma extensão de saúde irá fechar no distrito no âmbito da reforma dos cuidados de saúde primários que levou a Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro a propor na semana passada o encerramento dos postos médicos com menos de cem utentes. Segundo Emília Pina, regista-se apenas um caso, no concelho de Pinhel, mas só porque os utentes não estão inscritos no Serviço Nacional de Saúde: «Eles existem e são vistos pelo médico, o problema é que não se inscreveram», refere, acreditando por isso que a extensão em causa – cuja localização prefere não revelar para evitar alarmismos – não irá fechar.

Contudo, ao que “O Interior” apurou, tratar-se-á da extensão de saúde de Pala, onde o Centro de Saúde de Pinhel e a Junta de Freguesia local já estarão a trabalhar em conjunto para evitar o fecho, promovendo nomeadamente a inscrição dos utentes no posto. O presidente da ARS do Centro defendeu na passada quinta-feira o encerramento de 34 extensões de saúde que servem menos de 100 utentes. Esta situação foi revelada pela junção na mesma base de dados informática os registos de todos os centros de saúde do país, o que aconteceu pela primeira vez e já permitiu eliminar mais de 2.000 utentes duplicados e 2.055 falecidos dos cadernos dos centros de saúde do distrito (ver última edição de “O Interior”). Para Fernando Andrade, a opção pelo encerramento justifica-se com a falta de qualidade dos cuidados primários de saúde prestados nessas extensões, a maior parte das quais (18) se situam na Sub-Região de Saúde de Coimbra e oito em Castelo Branco. No caso da Guarda, foram inicialmente apontadas quatro extensões a encerrar, mas Emília Pina já esclareceu que o estudo em que se baseou a ARS do Centro estava ultrapassado. «É um ficheiro que carece de actualização, pois foi feito em Junho e nessa altura havia sete extensões sem utentes e quatro com menos de 100 utentes. No entanto, estima-se que exista apenas um caso com menos de cem utentes na Sub-Região de Saúde da Guarda», refere a coordenadora.

Fernando Andrade anunciou esta medida após uma reunião com os directores dos 109 centros de saúde da região Centro e a Estrutura de Missão de Cuidados de Saúde Primários da ARS, realizada em Coimbra, no contexto da reforma em curso dos cuidados de saúde primários. É que nestas unidades, onde um médico se desloca uma vez por semana, num período de duas horas, o serviço prestado quase se resume a «fazer só medicina curativa ou passar receitas», disse o presidente da ARS do Centro, para quem este tipo de trabalho «não é profissionalmente estimulante» para os médicos. «Queremos dar qualidade àquilo que fazemos. Nestes casos, damos às pessoas uma falsa segurança», acrescentou. No entanto, as 34 unidades a extinguir só encerrarão depois de avaliadas as situações caso a caso, devendo para o efeito ser ouvidas as Juntas de Freguesia. «Temos que encontrar soluções alternativas», afirmou.

Luis Martins

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