O secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, inaugurou, na última quinta-feira, o Centro de Interpretação da Serra da Estrela, na Torre. A estrutura, ligada ao património natural e à reserva biogenética, destina-se a ajudar os visitantes a compreender a Serra, oferecendo-lhes uma explicação sobre as suas características naturais e culturais.
E porque a Torre é «um local de peregrinação dos portugueses», o governante garantiu que o Governo tem em vista a requalificação do lugar. Humberto Rosa aproveitou para defender a construção de um teleférico – «para regular o tráfego» – e afirmou que até há verbas disponíveis: «Se não vierem do Ambiente, virão do Turismo», disse. Por outro lado, também não escondeu que pagar o estacionamento «pode ser uma boa ideia» na Serra da Estrela. Desde logo, porque os visitantes passam a dar «um pequeno contributo para a gestão da área protegida e, com isso, até se lhes dá o direito de serem exigentes na qualidade do que encontram», justificou. Entretanto, pagar para entrar no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) poderá ser outra forma dos visitantes ajudarem a financiar a área protegida. A medida está contemplada no novo regime jurídico da conservação da natureza e da biodiversidade e já está implementada no Gerês. «Esperamos que isso possa ser aplicado noutras zonas, mas é prematuro dizer onde e quando», adiantou.
Até lá, o novo centro de interpretação esclarecerá os turistas sobre o maciço central e dará a conhecer em pormenor toda a área protegida do parque, com mais de 101 mil hectares. Situado no edifício do centro comercial da Torre, o espaço acolhe uma exposição permanente sobre a história da Serra da Estrela, as suas espécies autóctones e as características da montanha. Há ainda uma zona para exposições temporárias – a primeira das quais, sobre as flores da Serra, já está aberta ao público.
Secretário de Estado disse desconhecer esgoto a céu aberto
As primeiras denúncias surgiram em Janeiro de 2007. No ponto mais alto de Portugal continental corria um esgoto a céu aberto. Apesar de ter sido notícia em jornais e nas televisões, o problema continua por solucionar passado mais de ano e meio. Também Humberto Rosa disse não ter «noção plena» da existência deste caso. «Trata-se de uma situação que não pode continuar e que vamos ter de olhar para ela», prometeu, recordando que «há uma década, alguém classificava esta zona como a “lixeira mais alta do país”. Já não o é, mas ainda há algo a fazer sobre os resíduos». O certo é que a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) para os esgotos da Torre continua sem funcionar. Contudo, a empresa de tratamento de águas Interagua já disse que vai abrir um inquérito administrativo às obras. No centro da discórdia está o facto do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) ter dado os trabalhos por concluídos, isto, quando a empresa ainda tem em armazém material para ali ser instalado.
Quem estranhou a situação foi Maria Dolores, administradora da empresa. «Verificámos no local que a ETAR não estava a funcionar porque faltavam peças e falámos com o Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) que nos encaminhou para o empreiteiro. Até hoje não tivemos mais contacto de ninguém», revelou, citada pela agência Lusa. Como se não bastasse, a Interagua reclama 20 mil euros ao empreiteiro (J. Ramiro) por pagamentos em atraso. «Está tudo feito para funcionar de forma definitiva. Daqui por oito meses teremos os resultados para o confirmar ou para fazer pequenos ajustes», disse, por sua vez, Maria da Paz, do ICNB.
Túneis não minimizam impacto ambiental
Nesta passagem pela Serra, Humberto Rosa considerou ainda que a opção dos túneis «não minimizaria o impacto ambiental» nesta área protegida. «O impacto seria mínimo se o túnel atravessasse toda a Serra, mas isso é incomportável em termos financeiros», referiu. Na sua opinião, «as soluções da rede viária que estão em cima da mesa são adequadas para dar resposta às necessidades da região», referindo-se à travessia pelo IC6, IC7 e IC37, cuja adjudicação da elaboração do estudo prévio já foi, inclusivamente, homologada pelo Governo.
Rosa Ramos