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O génio e a obra de Fernando Pessoa

Editora Alma Azul evocou os 120 anos do nascimento do poeta na IV Festa do Livro

A obra de um génio eterniza-se. E para garantir que a de Fernando Pessoa não caia no esquecimento, Elsa Ligeiro, da editora Alma Azul, tem andado com a “trouxa às costas” por Portugal. Com o intuito de tornar a obra do poeta «mais familiar», também esteve na Guarda, na passada segunda-feira, para apresentar “Fernando Pessoa – De Alberto Caeiro a Bernardo Soares” na IV Festa do Livro – que decorre em simultâneo com a Beirartesanato até sábado, no Jardim José de Lemos.

Nesta sessão interactiva, os visitantes foram desafiados a ler poemas de Pessoa e a desvendar o seu universo e também levaram para casa obras do autor, nascido a 13 de Junho de 1888. Há 120 anos, portanto. Apesar da natural timidez – porque isto de declamar poesia exige uma dose considerável de coragem –, a maioria dos visitantes acedeu a juntar-se à iniciativa e a desfolhar a poesia de Pessoa. De poema em poema, o grupo também ouviu as explicações de Elsa Ligeiro. Primeiro “O Guardador de Rebanhos”, de Álvaro de Campos. A terminar, e em jeito «menos metafísico e mais melancólico», leu-se “Aniversário”, de Bernardo Soares.

Uma língua «musical»

Claudine Lemoine foi apanhada desprevenida, mas nem por isso deixou de ser uma das mais entusiastas participantes da sessão de leitura. Sem qualquer laço familiar com o nosso país, esta francesa é professora de português num liceu de Toulouse, pelo que a obra de Fernando Pessoa não lhe é estranha. Desde Julho de 1974 que vem todos os anos, impreterivelmente, a Portugal, pelo qual confessa ter uma «grande paixão». «Quando estava na faculdade a estudar para professora de Espanhol tive de optar, numa das cadeiras, por outra língua», recorda. Tinha 21 anos e o fascínio pela língua de Camões foi de tal ordem que, após ter terminado o curso, voltou a repetir tudo do início para poder dar aulas de português. «É uma língua cheia de música, muito mais suave e melodiosa que o espanhol ou o francês», considera.

Claudine revela que, por cá, a Guarda foi a primeira cidade que conheceu. «E agora é uma espécie de local de peregrinação», brinca, num português fluentíssimo. No início de carreira, em Clermont-Ferrand, começou por dar aulas a filhos de emigrantes, «muitos dos quais oriundos desta região», sublinha. Sobre o que mais gosta em Portugal, para além da literatura (“A ilustre casa de Ramires”, de Eça de Queirós, é a sua obra predilecta), destaca a gastronomia e os vinhos, mas sobretudo «a relação que existe entre as pessoas, muito desprendida e aberta». No final da sessão, e depois de ter declamado de forma exímia vários poemas de Fernando Pessoa, Claudine Lemoine ainda levou para França um livro de oferta. Um presente da Alma Azul «para o meu melhor aluno de português em França», acrescenta.

Pedro Mexia na IV Feira do Livro

No dia 30, pelas 21h30, a IV Feira do Livro recebeu um encontro de autores. Manuel da Silva Ramos, Diogo Cabrita e Nuno Amaral Jerónimo debruçaram-se sobre o exercício da escrita. Esta noite, quinta-feira, será a vez de Pedro Mexia marcar presença na feira do livro, juntamente com Fernando Alvim que, aliás, vai colaborar na animação da “Festa de Verão” que O INTERIOR promove no Garrida Café.

Rosa Ramos

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