No Soito, concelho do Sabugal, a equipa do Externato Secundário local foi recebida, na noite de segunda-feira, com pompa e circunstância e teve direito a foguetes e tudo, já que, pela segunda vez, o protótipo apresentado pela instituição venceu o primeiro prémio de Design da Shell Eco-Marathon. Depois do “Toirão”, em 2001, foi a vez este ano do “Joaninha DR4”, que faz lembrar um «elegante, requintado e sensual sapato» de salto alto português. João José Oliveira, coordenador da equipa vencedora, considera que é uma «grande alegria vermos o nosso trabalho reconhecido». Contudo, esta nova vitória já poderia muito bem ter ocorrido no ano passado, não fossem alguns factores externos ao modelo apresentado, realça. «Foi pena não ter acontecido no ano passado quando este projecto foi apresentado, mas houve ali qualquer coisa que é complicado entendermos porque razão é que o trabalho nem sequer foi apreciado», lamenta. Mas, este ano o trabalho «não deixava margens para dúvidas» e o júri – constituído por elementos dos departamentos de design da Peugeot, Citroen e Fiat – foi «imparcial e não ligou à questão de sermos uma equipa estrangeira e de já termos sido premiados uma vez», reconhecendo que o trabalho estava «muito bem feito», explica.
Apesar do sucesso conseguido, João José Oliveira indica que será difícil avançar na próxima edição com um novo projecto, uma vez que tem sofrido pessoalmente um «prejuízo muito grande» na sua actividade profissional. «Acho que não quererei ver-me outra vez envolvido num projecto que tem sido um prejuízo muito grande para mim», reforça. Igualmente satisfeito ficou António Robalo, director do Externato Secundário do Soito, para quem a conquista deste prémio revela «a persistência e a aposta num projecto que o colégio tem desenvolvido desde 2001» com o empenho dos alunos em horário extra-curricular. Por outro lado, a participação na prova francesa ajuda a «dar a conhecer o Soito, o Sabugal e o distrito fora do país», sublinha. Em termos de distância, o “Joaninha DR4” percorreu 251 quilómetros, terminando na 101ª posição. Da Beira Interior participaram ainda os carros da Escola Profissional de Trancoso, que se estreou na competição a percorrer 407 quilómetros (79º da geral), da ESTEBI – Escola Tecnológica da Beira Interior (Covilhã) e da Universidade da Beira Interior, que não conseguiram obter classificação. Na edição deste ano desta verdadeira maratona ecológica, que visa estimular a criatividade dos jovens fomentando o respeito pelo meio ambiente, o recorde foi batido por uma equipa suíça que percorreu 3.836 quilómetros com um litro de combustível.
Ricardo Cordeiro
