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Danças Ocultas regressam à Guarda

Quarteto de concertinas apresenta quarto álbum no auditório municipal

O grupo Danças Ocultas apresenta quarta-feira na Guarda o seu mais recente trabalho. O quarteto de acordeonistas regressa ao auditório municipal quase uma década depois de um espectáculo inesquecível por ocasião do lançamento do disco de estreia e desta vez traz “Pulsar” na bagagem. Segundo a produção, o mais recente CD da banda, a lançar brevemente, irá revelar «uma certa ruptura» com os trabalhos anteriores e assinala o «amadurecimento» de um projecto inovador no panorama musical português.

Danças Ocultas é constituído por Artur Fernandes, Filipe Cal, Filipe Ricardo e Francisco Miguel, cujas experiências musicais se cruzaram a partir de 1989 ao toque de quatro concertinas. Assim nasceu o álbum homónimo com um repertório assombroso, composto na totalidade por Artur Fernandes, amplamente elogiado pela crítica especializada e considerado por muitos o melhor disco do ano. Seguiu-se “Ar” (1998), onde o quarteto afirmou os princípios de uma gramática musical própria e a introdução de algumas inovações técnicas, como a construção de uma concertina-baixo. Outra evolução introduzida resulta de uma afinação geral mais estável, mais musical e por um timbre mais íntimo, que difere sobremaneira do tradicional timbre estridente usado em Portugal, o que permite uma maior exploração das potencialidades da concertina e a actuação em quarteto. Nestes dois trabalhos, claramente influenciados por Erik Satie, a tradição da concertina surgiu assim revigorada com temas originais que exploram a peculiaridade dos diálogos a oito mãos dando outra “vida” a um instrumento normalmente tocado a solo. Os Danças Ocultas descobriram novas possibilidades e sonoridades, compondo aquilo a que a crítica definiu uma «música nova para um instrumento velho» que maravilhou as plateias nacionais e europeias.

A fórmula foi repetida em 2002 com “Travessa da Espera” e surge agora amadurecida com o quarto álbum da banda de Águeda. Todos os seus elementos começaram por tocar em grupos folclóricos, tendo o grupo surgido originalmente sob o nome de Quarteto de Concertinas. Na altura o seu repertório consistia em tocar transcrições de partituras clássicas (abertura “Aida”, de Verdi, e “Aria na corda Sol”, da Suite em Re M de Bach) e de música popular de outros países (Itália, Brasil), dada a inexistência de repertório escrito para Concertina. Um problema ultrapassado quando Artur Fernandes, mentor do projecto, foi estudar Composição na Universidade de Aveiro e começou a compor para o quarteto, evitando a tradição folclórica do instrumento e tentando procurar as «vontades naturais» da concertina. Artur Fernandes é autodidacta da concertina desde 1978. Licenciado em Ensino de Música pela Universidade de Aveiro, área de Composição, ensinou, a partir de 1985, as técnicas daquele instrumento a Filipe Cal, Filipe Ricardo e Francisco Miguel.

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