O encerramento das estações dos CTT em Manteigas e Fornos de Algodres vai mesmo avançar mas a medida deverá ser alargada a outras localidades do distrito da Guarda. Segundo apurou O INTERIOR, a intenção da empresa é manter abertas apenas as estações onde existam os serviços do Banco CTT, ou seja, na Guarda, Sabugal e Seia.
Ninguém confirma ainda esta decsião, mas o assunto tem vindo a ser abordado entre os autarcas da região como sendo uma «forte possibilidade», sendo que os serviços postais serão prestados por privados nos concelhos onde os postos vão fechar. Em Manteigas, a decisão «já é irreversível», confirma Esmeraldo Carvalhinho, adiantando que o serviço será assumido por privados no cocnelho serrano. «O que é condenável porque os CTT estão a fazer um negócio do trabalho que deveria ser universal», critica o autarca socilista, que teme que esta decisão não fique por aqui. «Agora passa para privados, mas da forma que as decisões estão a ser tomadas, daqui a algum tempo os CTT passam a existir apenas no litoral», sublinha.
O presidente manteiguense também acredita que a empresa vai fechar mais balcões no distrito da Guarda e apela à mobilização das populações e dos autarcas. «Está na mão do Governo reverter a privatização», apela Esmeraldo Carvalhinho, considerando que deveriam ser tidas em conta «a abrangência do serviço e a coesão territorial». Além do mais, o encerramento dos CTT nalguns municípios da região «contraria as medidas efetivas para a recuperação do interior e não basta dizê-lo, é preciso prová-lo», adverte o autarca. O caso de Manteigas foi denunciado ainda em agosto ao primeiro-ministro, ao Presidente da República, aos grupos parlamentares na Assembleia da República e ao ministro do Planeamento e das Infraestruturas, mas «estamos pior do que quando iniciámos a luta», lamenta Esmeraldo Carvalhinho.
À mesma luta já se juntou entretanto a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE), que manifestou o seu «repúdio público». O autarca de Manteigas já avisou que caso o fecho se concretize, a Câmara – «que é o maior cliente dos CTT em Manteigas» – pondera procurar outro operador económico que preste os mesmos serviços. Em Fornos de Algodres, outra sede de concelho na lista de encerramentos dos Correios, ainda ninguém sabe quando a estação local vai fechar. «É um erro histórico se isso acontecer», considera Manuel Fonseca, que tem cada vez menos dúvidas sobre esse desfecho. «O balcão vai fechar mas os serviços não vão deixar de existir, sendo assumidos por terceiros, pelo que será diferente do que temos até agora», acrescenta o edil, que sublinha que o serviço público que existe é «o que melhor serve as populações».
Manuel Fonseca avisa que vai lutar por esse serviço universal, «prestado pelos CTT e não por terceiros», e apela à mobilização de autarcas e populações contra esta decisão «de uma empresa pública que o Governo PSD/CDS privatizou sem salvaguardar a garantia da prestação do serviço público a que está obrigada». O edil socialista receia também que haja mais encerramentos de estações no futuro: «Esse é o cenário para o qual estamos a caminhar. Primeiro começaram pelos municípios mais pequenos, mas não duvido que vai chegar a outras zonas do distrito», denuncia, prometendo desde já «endurecer os protestos» em Fornos de Algodres.
Ana Eugénia Inácio