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Bombeiros da Guarda conseguiram vender terreno para pagar dívidas

Lote foi arrematado, à terceira hasta pública, por uma empresa de Braga no passado dia 20

À terceira foi de vez e a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Guarda conseguiu vender em hasta pública um lote de terreno destinado a construção urbana com 1.200 metros quadrados, situado junto ao antigo quartel. Esta foi a terceira tentativa para conseguir meios financeiros para a corporação, já que as duas primeiras praças ficaram desertas. Desta vez, apareceu uma empresa de Braga que arrematou por 450 mil euros. Um desafogo para a direcção dos “soldados da paz” da Guarda que já se viram obrigados a recorrer a um empréstimo bancário de 100 mil euros para suportar as dívidas da associação.

O acto público foi realizado no passado dia 20, com a presença do notário da Guarda «e foi aberta uma proposta de uma empresa de Braga, por 450 mil euros», conta Álvaro Guerreiro, presidente da colectividade. No dia seguinte, a direcção reuniu e «deliberou adjudicar provisoriamente o terreno a esse proponente», que deverá proceder ao pagamento da diferença entre o valor do cheque que acompanhou a proposta e o valor da adjudicação, acrescenta. Agora, no prazo de quinze dias a contar da data da adjudicação provisória, o adjudicatário deve apresentar os documentos comprovativos de que se encontra em situação regularizada perante o Estado, em sede de contribuições e impostos, bem como relativamente à sua situação contributiva para com a Segurança Social. Depois de cumpridos todos os trâmites legais, «é que se deve proceder à escritura», refere. Contudo, para conseguirem vender o terreno os bombeiros viram-se forçados a reduzir a base de licitação para 687.500, em Junho, ou seja, menos 229.500 euros que na primeira, realizada em Dezembro de 2004. E agora foi arrematado por 450 mil euros.

A verba que conseguida com a venda deste património destina-se «a equilibrar o passivo da nossa conta-corrente» e o que sobrar vai dar origem a um fundo «que se destina a ser uma garantia para associação», revela Álvaro Guerreiro. Trata-se de um meio para reequilibrar as contas dos “soldados da paz” que estão a atravessar «uma situação económica complicada», garante o seu presidente, acrescentando, no entanto, que este montante vai permitir «regularizar a situação financeira». Segundo o dirigente, a situação piorou com a aquisição de equipamento para o novo quartel e todo um conjunto de obras, cujo pagamento tardou porque «também não nos pagaram atempadamente pelos nossos serviços», recorda Álvaro Guerreiro. Dando como exemplo o atraso de cerca de seis meses no pagamento de serviços prestados aos Hospitais da Universidade de Coimbra e Sousa Martins, na Guarda, que ascenderam a cem mil euros. Neste momento, o Hospital da Guarda tem as contas «em dia», mas há outros fornecedores que se atrasam nos pagamentos, queixa-se o presidente da direcção. Por isso, os bombeiros vão continuar a desenvolver a campanha de angariação de fundos. Porém, Álvaro Guerreiro está satisfeito: «É reconfortante terminar o mandato com esta situação resolvida e com um novo quartel», diz, adiantando que as eleições vão decorrer no dia 4 de Janeiro.

Recorde-se que em Outubro do ano passado, o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Guarda chegou mesmo a afirmar que a situação era incomportável para uma entidade que tem «diversas despesas» com as viaturas, combustíveis, consumíveis e ordenados. Na altura, Álvaro Guerreiro lamentou ainda que o património da instituição tivesse que ser vendido para suportar dívidas «que deviam ser pagas pelo Estado». Segundo o edital publicado, a construção a erigir no terreno deve cumprir algumas especificações, tais como ser um edifício de oito pisos com uma área de construção total de quase 9 mil metros quadrados, seis mil dos quais destinados a estacionamento e os restantes para comércios e serviços. Prevista estava também a criação de 200 lugares de estacionamento na estrutura edificada.

Patrícia Correia

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