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Acesso à A25 em perfil de auto-estrada

IEP propõe quatro faixas a partir da Guarda e «variante» ao Alvendre

O acesso da Guarda à A25 e a ligação da cidade ao que irá restar do IP5 são assuntos que estão em cima da mesa de negociações entre o Instituto de Estradas de Portugal (IEP) e a Câmara da Guarda. A contestação à solução inicialmente adoptada pelo IEP, que previa a deslocação de tráfego do IP5 para a estrada Municipal 577, pelo Alvendre, levou o IEP a repensar o projecto. Agora, e pelo que foi possível apurar junto da autarquia, «há vários aspectos relevantes» na nova proposta do IEP. As alterações ao projecto visam a melhoria, «a todos os níveis», segundo fonte da Câmara da Guarda, do acesso da cidade à auto-estrada e na solução de tráfego para o IP5.

Após algumas dúvidas e muita contestação à solução preconizada pelo IEP de utilizar a estrada do Alvendre, como via para um tráfego superior à sua capacidade, estará para breve o entendimento entre a Direcção de Estradas e a autarquia. O projecto deu entrada nos serviços do município na semana passada, estando actualmente os técnicos a analisar a proposta. E acordo com esse plano, o acesso da Guarda à A25 vai ser realizado pelo actual trajecto e utilizando, em direcção a Vilar Formoso, a ponte do actual IP5, entrando na auto-estrada próximo da Rasa. Seguindo na direcção a Celorico da Beira, a entrada na auto-estrada irá aparecer alguns metros à frente da actual ligação ao IP5. Os técnicos do IEP, depois de terem avaliado as várias possibilidades, concluíram que o aproveitamento de algumas estruturas do actual IP5 permitiriam uma melhor solução de ligação da cidade à nova auto-estrada. Para os especialistas, uma auto-estrada não deve ter mais do que um nó de acesso a cada cinco quilómetros. Este princípio não é aqui considerado, pois a A25 irá manter os acessos do IP5 na Guarda e na Arrifana.

Contestação muda trajecto para o IP5

Em discussão está igualmente o perfil da ligação à cidade, entre a rotunda do Bairro de S. Domingos (inicio da Viceg) e a nova auto-estrada. O IEP mostra-se, agora, disponível para o aparecimento de uma ligação com quatro vias – em perfil de auto-estrada –, cuja construção deverá ser da responsabilidade da autarquia, se bem que o financiamento vai ser assegurado pelo IEP. Esta solução é há muito defendida pela Câmara da Guarda, mas só agora parece ter luz verde por parte dos responsáveis da antiga JAE. Se esta ideia vingar, o projecto prevê a implantação de uma rotunda no cruzamento do Alvendre «pois essa é a única forma de fazer a ligação» à estrada municipal 577, afirma um técnico contactado por “O Interior”. Esta rotunda será a solução para resolver outro problema que tem merecido contestação. A Câmara da Guarda tem defendido a construção de uma estrada paralela à auto-estrada, que ligue a cidade ao IP5, sem ter de utilizar a estrada do Alvendre. Álvaro Guerreiro, presidente da autarquia, considera esta a forma «ideal para retirar trânsito da EM 577». Esta via paralela poderia, assim, entroncar no acesso à A25 na futura rotunda prevista para o Alvendre. Mas, para o IEP, esta não é a melhor solução.

Sensível às críticas das últimas semanas, o Instituto de Estradas apresenta outra solução. A ideia é melhorar a EM 577 até à zona da Quinta dos Avelanais, construindo uma nova via – em descida – até à curva do Alvendre no IP5. Desta forma o trânsito não atravessa a localidade e evita-se construir, em toda a extensão, uma via paralela à A25. Fernando Gonçalves, presidente da Junta de Freguesia do Alvendre, confessou ter sido «com agrado» que ouviu a proposta do director de Estradas da Guarda. Ainda assim, o autarca, e um dos primeiros contestatários ao projecto inicial, considera que «esta não é a solução mais viável», defendendo que a EM 577 não deve ter um aumento de tráfego, além de que, «não poderá ser alargada» por haver muitas casas na sua orla. Para o autarca do Alvendre, a melhor opção «é a construção de uma via paralela à A25». Registe-se que o IP5 vai ficar cortado junto à ponte do Ladrão e o único acesso será o actual nó do Sobral/Porto da Carne com ligação ao Alvendre. Assim, o troço do actual IP5 irá servir as populações, essencialmente, do Vale do Mondego e de Vila Franca das Naves entre o Porto da Carne e a Guarda.

Estrada do Tintinolho

A construção de uma via de ligação entre a “área de descanso” do IP5, ao alto do Alvendre, e a Catraia da Alegria, junto ao IPG, parece definitivamente comprometida. Desde o inicio do projecto da VICEG que muitos defenderam a construção desta via que permitiria um segundo acesso à cidade e ao mesmo tempo o fecho da circular à cidade. Mais, para aqueles que defendem a ligação à Serra da Estrela pela denominada “Estrada Verde” – ligação da Guarda ao Planalto Central por Videmonte – a construção de uma via a partir do IP5, pelo Tintinolho, passando por trás do Politécnico e ligando à VICEG, era um projecto essencial para a cidade e região. No entanto, esta opção não terá colhido junto do IEP opinião favorável. Os responsáveis da antiga JAE poderão estar disponiveis para considerar a possibilidade de estudarem uma via que ligue a futura rotunda no cruzamento do Alvendre à Catraia da Alegria – passando próximo de Carapito -, mas não consideram a possibilidade de estudar um projecto que ligue ao IP5. Fernando Gonçalves, presidente da Junta de Freguesia do Alvendre, comentou após a reunião que manteve com António Martins, director de Estradas da Guarda, que «para o IEP essa estrada seria muito dispendiosa e não teria viabilidade». Este facto levou o IEP a considerar outras soluções para o tráfego originário do IP5. É assim que aparece a preferência por construir uma variante ao Alvendre com ligação à EM 577.

Luís Baptista-Martins

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