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A propósito do IPG

Recebi “O Interior” desta semana e, como habitualmente, comecei a ler a última página, mais precisamente a rubrica “Bilhete Postal”, da responsabilidade do Dr. Diogo Cabrita. Começo sempre por ler os escritos deste senhor porque, para além da qualidade da sua escrita, foca temas essenciais sem se perder em devaneios supérfluos.

Na última edição, uma vez mais, tanto esta rubrica como outras do jornal destacavam pela negativa o trabalho do presidente do IPG, situação que vem sendo por demais evidente há algum tempo, estranhando-se apenas o facto de, contra tudo e todos, o Dr. Jorge Mendes ainda continuar em funções. No entanto gostava (…) de salientar que os guardenses nunca viram com bons olhos a implementação de uma instituição do ensino superior na cidade. Prova disso foi a maneira cobarde e mal educada com que os primeiros alunos do Instituto foram recebidos na Guarda, mais concretamente na estação dos comboios – para quem já não se lembra –, onde tarjas tinham palavras de “boas-vindas” como: «Filhos da p… vão-se embora, não vos queremos cá».

Outra prova por demais evidente foi a exploração monetária dos alunos do IPG, quer ao nível de rendas de casas, como de outros bens. Inclusivamente, a Câmara da Guarda alinhou pelo mesmo diapasão e proibiu, por exemplo, a Semana Académica no parque da cidade enquanto ali realizava as Festas da Cidade.

Sempre que leio noticias dando conta da “morte” anunciada do IPG vem-me à memória o famoso julgamento do Dr. João Raimundo, o qual assisti na companhia de alguns colegas da tuna (…). E recordo-me porque, entre nós, comentámos o seguinte: mais grave do que o “assassinato político” do Dr. João Raimundo, era a morte anunciada do IPG, como se constata agora, anos mais tarde.

Espero que aqueles que, directa ou indirectamente, contribuíram para este declínio tenham, um dia – e se possível brevemente –, a honradez de fazer o balanço do Politécnico. E que dividam essa mesma reflexão no tempo do Dr. Raimundo e no pós-Dr. Raimundo, pois os resultados negativos no segundo caso são por demais evidentes. E já agora reparem também que todos os presidentes que sucederam ao Dr. João Raimundo são da mesma cor política, isso ajudará a perceber o que se passou no IPG.

Mais importante do que chorar o facto do IPG se encontrar moribundo era as gentes da Guarda perceberem que foram elas as grandes causadoras desta situação, e redimirem-se apoiando o “novo rebento” que (…) é a Escola Profissional da Guarda, curiosamente fruto dos mesmos pais do IPG. E que de futuro não se lembrem, mais uma vez, de destruírem o trabalho do Professor.

Nuno Miguel Alves, carta recebida por e-mail

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