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A astronomia no passado

Mitocôndrias e Quasares

No próximo dia 4 de julho iremos assistir a mais um feito único na história da Ciência. Lançada a 5 de agosto de 2011, e depois de quase 5 anos a viajar, a sonda Juno irá explorar o planeta Júpiter. Esta sonda terá como principais tarefas compreender a origem e a evolução do planeta, observar auroras e realizar medições da quantidade de água e amónia na atmosfera.

Olhando para feitos recentes da ciência, existe uma certa tendência para considerar as primeiras civilizações ignorantes em matéria de Ciência. Na realidade, muitos pontos de vista eram de facto muito primitivos. Mas é notável que o seu profundo conhecimento de astronomia tenha também influenciado a sua arquitetura. Por volta de 3.000 a.C. começou a construção de um dos mais famosos monumentos do mundo, Stonehenge, que hoje se pensa ter sido um primitivo observatório astronómico. Stonehenge é provavelmente o mais conhecido monumento megalítico da Europa. Fica numa zona rural em Inglaterra e é uma importante atração turística. Ninguém sabe precisamente como foi construído em diferentes épocas pelos druidas. A primeira fase deve ter começado há cerca de 5 mil anos com a criação do núcleo original – um conjunto de banco de terra, buracos e valas. O primeiro círculo de pedras foi erigido possivelmente mil anos mais tarde, tendo sido completado por volta de 1.500 a.C. Há quem pense que Stonehenge foi usado para sacrifícios humanos ou como lugar de sepultura para pessoas importantes. Contudo, existe também uma teoria popular segundo a qual se trataria de uma espécie de observatório, usado para prever os movimentos e os eclipses da Lua e do Sol. As provas estão no alinhamento dos monumentos, que permite que todos os anos, no solstício de verão, o Sol nasça de uma das pedras principais, conhecida como a “Heel Stone”.

Na mesma época em que Stonehenge começou a ser construído, mas noutro continente, os egípcios erigiam as suas pirâmides de Gizé, localizadas de maneira a alinharem perfeitamente com certas estrelas do céu. Os antigos egípcios tinham grande interesse pelo céu. As pirâmides do planalto de Gizé estão alinhadas com grande precisão de acordo com os pontos cardeais; cada uma das faces está orientada para norte, sul, este ou oeste com diferença de apenas alguns décimos de grau. Além disso, no tempo em que as pirâmides foram construídas, o polo norte era diferente do atual. Há uma teoria, ainda não inteiramente fundamentada em provas, que sugere que Gizé foi construída como reflexo do céu noturno: as três pirâmides representariam as estrelas do cinturão da constelação de Orionte – conhecida pelos egípcios como Osiris, o deus dos Mortos –, enquanto a Esfinge seria a constelação de Leão e o rio Nilo a Via Láctea.

Dois milénios mais tarde, os maias faziam o mesmo no Novo Mundo. A civilização maia estabeleceu-se em territórios dos atuais México, Guatemala, Belize, Honduras e El Salvador, e floresceu entre 1500 a.C. e 900 d.C.. Tal como os antigos gregos, os maias tinham um grande interesse científico pelos céus estimulado pela sua religião. As provas deste fascínio são claras, especialmente na orientação de muitas das suas cidades. Um bom exemplo é a famosa pirâmide de Palenque. As janelas laterais e o topo estão orientadas de maneira a serem plenamente iluminadas pelo Sol na manhã anterior ao dia em que Vénus se torna visível. A pirâmide de Chichén Itzá oferece-nos outro exemplo. Nos equinócios, a iluminação do Sol sobre as escadas e no topo da pirâmide cria a ilusão de uma serpente – Quetzalcoatl, o deus-serpente maia, que personifica o planeta Vénus.

Estes são apenas alguns exemplos de civilizações que se dedicaram de forma independente a desenvolver a sua arquitetura de maneira a que esta se conformasse ao movimento da luz (e dos deuses) no céu.

Por: António Costa

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