Mais de 150 mil pessoas terão passado pelas onze feiras temáticas promovidas na Praça do Município, na Covilhã, ao longo dos últimos quatro meses, segundo dados disponibilizados pela autarquia. Joaquim Matias, responsável máximo pelas iniciativas, garantiu a “O Interior” que os certames foram «um êxito», acrescentando que o balanço final terá sido «largamente superior ao do ano passado». Muitos comerciantes interessados em participar terão ficado inclusivamente de fora, segundo o vereador, devido às contingências de espaço.
«No caso da Feira de Artesanato, deram entrada 255 inscrições e só pudemos seleccionar 54 artesãos», exemplificou. Deste modo, a autarquia está a estudar a hipótese de alargar a área expositiva ao terraço do Centro Comercial Sporting numa próxima edição destas feiras. Joaquim Matias assegurou ainda que, caso a actual maioria se mantenha nos comandos da autarquia, a aposta nestas iniciativas temáticas é «para continuar», adiantando que estão já a ser equacionadas novos temas para o período de Inverno. Embora os certames tenham trazido benefícios para os comerciantes da área da restauração e bebidas estabelecidos nos arredores da Praça do Município, outros empresários garantem ter sido lesados. «Isto é uma forma de concorrência desleal», garante José Braga, dono de um estabelecimento naquela zona, acrescentando que «vieram comerciantes de outras partes do país, quando se deveria incentivar os que cá estão». Apreensivo está também Elídio Rosa, cujo estabelecimento ficou, por azar, nas costas dos expositores. « Tive a loja tapada durante meses e ninguém me perguntou se estava a ser prejudicado», critica. O comerciante conta mesmo que tentou entrar em contacto com os responsáveis da autarquia, mas nunca conseguiu ser ouvido.
«Cheguei a pensar em fechar as portas, porque o negócio já estava difícil e assim só piorou». Miguel Bernardo, director executivo da Associação Empresarial da Covilhã, Belmonte e Penamacor (AECBP), admitiu a “O Interior” ter recebido «algumas queixas» por parte dos comerciantes do Pelourinho. O responsável considera «fundamental» que exista uma aposta na animação no centro da cidade, zona de grande densidade comercial, mas acredita que estas acções «deveriam ser conciliadas com o interesse dos estabelecimentos ali existentes». Por outro lado, Miguel Bernardo defende a necessidade de dar continuidade à dinamização do centro da cidade após a realização deste tipo iniciativas. Crente de que existem questões que têm de ser resolvidas, como o «elevado» preço dos estacionamentos naquela zona, o director da AECBP considera ser necessário «traçar um caminho de sobrevivência a curto prazo para o centro da cidade».
Rita Lopes