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Bombeiros da Guarda ponderam demitir funcionários por falta de dinheiro

Segunda hasta pública de terreno ficou novamente deserta, direcção admite período de austeridade

A segunda hasta pública de um lote de terreno, junto ao antigo quartel dos voluntários da Guarda, voltou a ficar deserta. A sessão decorreu na passada quarta-feira e atraiu poucos empresários, que entraram mudos e saíram calados diante de uma base de licitação de 687.500 euros. O insucesso desta operação deixou visivelmente desiludidos e desanimados os dirigentes da Associação Humanitária, agora obrigados a tomar medidas de gestão mais drásticas. A austeridade chegou ao quartel da Catraia da Alegria.

A palavra de ordem para os próximos meses é mesmo apertar o cinto para fazer face à crise financeira que os bombeiros atravessam devido a dívidas de unidades hospitalares. A direcção perspectiva já reduzir despesas e uma das primeiras medidas a adoptar poderá passar pelo despedimento de funcionários. António Manuel Gomes, actual presidente da associação, era o rosto do desalento, garantindo que a situação da instituição ficou «mais complicada» pelo facto da venda do terreno, destinado a construção urbana, ter sido novamente gorada. A mesa ainda fez duas tentativas de leilão, mas nenhum dos poucos empresários presentes se manifestou. «Ainda não estamos muito mal, mas também não vivemos desafogados, pelo que será necessário apertar o cinto para que a época de incêndios corra sem problemas. A venda do terreno daria alguma tranquilidade à associação, sobretudo numa altura em que vamos ter que pagar os subsídios de férias», disse António Manuel Gomes, responsável máximo dos bombeiros desde que Álvaro Guerreiro assumiu a presidência da Câmara da Guarda, em meados de Abril. O dirigente adianta que o que tem valido aos voluntários são as transferências da Liga e os duodécimos da Câmara. «Mas também o empréstimo bancário de 100 mil euros, avalizado com garantias pessoais dos dirigentes», refere, lembrando que só o Hospital Sousa Martins deve 100 mil euros à corporação.

«Bastava que nos pagassem metade desse montante para resolvermos algumas situações. Mas se calhar vai ser necessário despedir pessoas», lamenta. Uma decisão que deverá ser ponderada nos próximos dias em reunião da direcção.

Esta foi a segunda tentativa para obter meios financeiros, tendo a base de licitação baixado 229.500 euros em relação à primeira, realizada em Dezembro, com o preço de 917 mil euros, e que também ficou deserta. «Não podemos continuar a baixar o preço para conseguir um comprador», avisa António Manuel Gomes. Em liça está um terreno com 1.200 metros quadrados, situado junto ao antigo quartel. Trata-se do último recurso para fazer face às dívidas da associação decorrentes de mais de seis meses de atraso nos pagamentos de serviços prestados aos Hospitais Sousa Martins, da Guarda, e da Universidade de Coimbra, num montante global superior a cem mil euros. Segundo o edital, a construção a erigir no terreno tem que ser obrigatoriamente um edifício de oito pisos com uma área de construção total de quase 9 mil metros quadrados, seis mil dos quais destinados a estacionamento e os restantes para comércios e serviços. Prevista estava também a criação de 200 lugares de estacionamento na estrutura edificada.

Luis Martins

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