Arrancou mais uma campanha da apanha da azeitona na região. As máquinas agrícolas e os trabalhadores começaram a invadir os olivais e os lagares já estão a produzir azeite, apesar do ano atípico que o país vive e do receio das pessoas. «O trabalho não pode parar», garante António Ribeiro Júlio, proprietário do lagar de azeite José Júlio & António, em Santa-Eufêmia, no concelho de Pinhel.
A unidade produtiva do Vale do Massueime reabriu portas no dia 21 de novembro e desde então que o azeite corre para os depósitos, seja do lagar, seja dos olivicultores da região. José Agostinho, natural e proprietário de 150 oliveiras na aldeia de Santa-Eufêmia, é um deles. Fez a apanha da azeitona no domingo passado e obteve cerca de 1.700 quilos. «Foi menos que no ano passado, mas vamos lá ver a quantidade de azeite», adianta o olivicultor, que ainda não tinha feito o azeite à hora do fecho desta edição. «As oliveiras têm mais ou menos a mesma quantidade de azeitona que no ano anterior» e, por isso, as expetativas para os resultados da campanha 2020/2021 «são semelhantes à do ano passado», acredita o dono do lagar.
Com a pandemia «há muita gente que nem pensa apanhar a azeitona», por terem medo e «se calhar só apanham para o consumo em casa e deixam o resto», lamenta António Ribeiro Júlio, também produtor de azeite. Enquanto que na época passada o seu lagar recebeu cerca de 143.470 quilos de azeitona, de aproximadamente 700 clientes «de toda a região», e produziu 156.627 litros de azeite, os resultados deste ano não se esperam tão altos. «O número de pessoas que nos procuram não deve fugir muito ao do ano transato», mas, apesar de as oliveiras terem o mesmo volume de fruto, o proprietário do lagar «espera laborar menos» devido à situação pandémica.
Também as regras no funcionamento interno do lagar tiveram de se adaptar à situação atual. «Todas as medidas impostas pela Direção-Geral da Saúde estão a ser cumpridas», garante António Ribeiro Júlio. Neste seu caso, não houve necessidade de redução de funcionários, nem alteração de horários, uma vez «que nos outros anos já funcionava por turnos e horários faseados». Para além das medidas obrigatórias, não é permitida a entrada de pessoas no lagar para visitas às instalações, «como acontecia em anos anteriores». Por isso, as tão famosas e procuradas lagaradas – jantares cuja ementa é bacalhau e batatas assadas com azeite – não estão autorizadas pelo facto de serem propícias a ajuntamentos de pessoas num local fechado. «Este ano não há nada para ninguém», lamenta António Ribeiro Júlio.
No que toca ao preço da azeitona «ainda não sabemos», porque só é possível saber-se num período mais avançado da campanha, mas o preço do litro do azeite prevê-se que aumente este ano. «Mas se o azeite será mais caro, o preço da azeitona também aumentará», estima o responsável pelo largar do Vale do Massueime.