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Ex-gerente do Totta & Açores de Seia detido no Brasil

Principal suspeito de desfalque de cinco milhões de euros aguarda repatriamento para primeiro interrogatório

A polícia brasileira pôs termo, na semana passada, à fuga do ex-gerente da dependência bancária do Totta & Açores de Seia, foragido à justiça portuguesa desde Setembro do ano passado. Manuel Coelho, de 42 anos, é o principal suspeito do desvio de mais de cinco milhões de euros naquele que foi considerado um dos maiores desfalques realizados até hoje numa agência bancária em Portugal. Segundo um comunicado da Polícia Federal brasileira, citado pela agência Lusa, o antigo bancário foi detido em Maricá, na região dos Lagos, na última quinta-feira por agentes da Interpol do Rio de Janeiro, numa altura em que se preparava para casar numa tentativa de evitar a possível extradição.

A detenção ocorreu seis dias depois do Supremo Tribunal de Justiça do Brasil ter emitido um mandado de prisão a pedido da justiça portuguesa para primeiro interrogatório. Manuel Coelho, que incorre numa pena de prisão até 12 anos pelos alegados crimes de fraude, falsificação de documentos e lavagem de dinheiro, ficou temporariamente detido num estabelecimento prisional do Rio de Janeiro e deve ter sido repatriado para Portugal durante esta semana. O Banco Totta & Açores apresentou em Setembro de 2003 uma queixa-crime contra o ex-funcionário, responsabilizando-o pelo desvio de mais de cinco milhões de euros. Um desfalque que terá sido confirmado por uma inspecção da instituição bancária à dependência senense após vários rumores terem circulado pela cidade. Em consequência desta sindicância, o gerente foi demitido de funções e “desapareceu” literalmente da cidade pouco tempo depois, deixando a família para trás. Na altura, o banco confirmou a «existência de algumas irregularidades praticadas em interesse próprio pelo ex-gerente do balcão do Banco Totta & Açores em Seia», tendo interposto uma providência cautelar e aberto um processo de arresto junto do tribunal local para garantir a cobrança da quantia desaparecida daquela dependência. O objectivo era fazer prova sumária da existência do crédito e do receio de incapacidade de cobrança para que o juiz decretasse a confiscação de determinados bens, indicados pelo credor, para salvaguardar aquele pagamento, tendo sido arrolados a moradia, os automóveis, um apartamento e diversas contas bancárias.

O Totta & Açores assumiu, por outro lado, a reposição dos valores desaparecidos das contas dos seus clientes nas situações «onde não haja dúvidas» e em conformidade com «os resultados das investigações» em torno das provas dos depósitos e transacções. O esquema de desvio de dinheiro alegadamente implantado terá tido início há cerca de quatro anos, altura em que Camilo Coelho passou a ser o responsável pelo balcão de Seia, depois de um longo período na Covilhã. «O esquema era simples: eram abordados os clientes com elevadas quantias à ordem ou a prazo, sendo incentivados a aplicar o dinheiro em outros produtos que o banco geria no estrangeiro», explicou na altura um dos lesados.

Luis Martins

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