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Lacticôa continua a alargar horizontes

Fábrica de lacticínios de Vila Franca das Naves está «optimista» quanto ao sucesso no futuro

A Lacticôa – Lacticínios do Côa, Lda, criada em Vila Franca das Naves há três anos, encontra-se numa fase de expansão em termos do mercado de escoamento dos seus produtos, entre queijos e requeijão. Para Sales Gomes, um dos sócios e maior accionista da Lacticôa, «parte do êxito comercial» que a empresa tem conquistado no último ano fica a dever-se à «aposta na qualidade que temos tido com um queijo de ovelha igual ou melhor ao que era feito pelos nossos avós», garante.

«Pelo menos, em termos de higiene, é melhor de certeza», assevera, realçando que, em termos de qualidade, o queijo produzido «é um produto que está padronizado», daí que seja «quase sempre igual» porque as câmaras estão climatizadas, o que faz com que «não haja oscilações, nem de temperatura, nem de humidade», revela, sublinhando que a Lacticôa «não faz misturas». Outro ponto realçado pelo engenheiro técnico-agrário reside no facto da fábrica instalada em Vila Franca das Naves ser a «única indústria que entrega aos produtores o boletim de análise do seu leite, que é pago pela qualidade», diz. Nesse documento estão reflectidos a gordura, a proteína, a conservação e se o leite tem água, «o que nos leva a fazer um acompanhamento junto do produtor para que tenha mais cuidados de higiene e ver quais são os pontos onde está a falhar para poder melhorar», explica. Factores essenciais a uma produção de qualidade e que as análises feitas ao queijo pela Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior dão «sempre como óptimos para exportação», realça. Todos estes pormenores levam a que o queijo produzido na Lacticôa seja «mais caro que o de mistura», embora Sales Gomes considere que neste momento um bom queijo «ainda está a ser vendido abaixo do seu valor real», afirma.

Contudo, constata que hoje em dia «já começa a aparecer gente com a noção de que a qualidade tem que ser paga», até porque a «aposta tem que passar por manter o produto homogéneo para criar confiança no consumidor», adianta.

Suíça é ponto de partida para mercado internacional

Em 2004, a Lacticôa está a produzir «uma média de 600 quilos de queijo por dia», comercializando as marcas “Vale do Côa” (amanteigado) e “Naves do Côa” (seco e duro). Outro produto fabricado é o requeijão, comercializado pela Lactogal, embalado em “gaze inerte”, o que lhe confere uma validade «entre 15 e 18 dias» e que vai aparecer no mercado sob a marca Primor, enquanto que o queijo vai ser comercializado com o nome de “Serras do Côa”. Para além da Lactogal, a Lacticôa possui contratos com as grandes empresas de distribuição Lidl e Feira Nova, havendo ainda outra «grande superfície interessada», enquanto que a distribuição na região é feita pela empresa Afonso & Filhos, também de Vila Franca das Naves, e pelos queijeiros regionais que fazem as feiras locais e da zona de Viseu. No entanto, a procura já está a passar as fronteiras, uma vez que outro parceiro, um imigrante radicado na Suíça, «está a aumentar significativamente» as suas vendas naquele país, revela. «Começou com quase 100 quilos por mês e agora vai numa tonelada. Na Páscoa foram duas toneladas. E vender queijos para a Suíça é quase como vender bananas para o Brasil», ironiza Sales Gomes.

De resto, «se continuarmos a ganhar espaço no mercado e a vender o que estamos a vender, temos que produzir no Verão», o que não se verifica actualmente pelo facto das ovelhas “darem férias” em termos de ordenha aos pastores nesta altura do ano. Cenários que fazem com que o gerente da Lacticôa esteja «perfeitamente optimista» quanto ao futuro, elogiando «todo o trabalho que tem sido feito com um espírito de corpo muito grande por parte dos funcionários da empresa, porque eles também acreditam no projecto e sabem que só avança se colaborarem», diz. E terá sido, em grande parte, este espírito de equipa que permitiu à Lacticôa «ultrapassar a fase má de há um ano e recuperar significativamente», comercializando um «bom queijo de ovelha a nível nacional», considera. «As pessoas até conhecem o nosso queijo como o do rótulo que tem cornos e já começámos a passar uma imagem de marca, o que para nós é muito satisfatório e vem ao encontro dos nossos objectivos», reforça. A Lacticôa viveu o momento «mais difícil» da sua curta história há cerca de um ano, quando 30 toneladas de queijo foram destruídas em virtude das «câmaras frigoríficas que lhe foram aplicadas não terem sido aquelas que foram facturadas», relembra. «Ao fim e ao cabo houve aqui uma situação de alguma “desonestidade” por parte de quem montou o equipamento. Em Outubro puseram o equipamento correcto, o que permitiu trabalhar com condições para produzir um bom queijo», recorda. Com rede própria de recolha, a Lacticôa compra anualmente cerca de 500 mil litros de leite a 50 produtores dos concelhos de Trancoso, Meda, Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo e Almeida.

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