Maria Callas foi a cantora lírica mais famosa do século XX e, para muitos, foi a melhor de todos. A sua voz era quente, brilhante, mas cheia e redonda, e absolutamente inconfundível.
Nem sempre era perfeita na sua técnica, como o era, por exemplo, a sua “rival” Renata Tibaldi, mas a música que fez foi tão emocionalmente poderosa que, ao escutá-la, todos os perfecionismos e pormenores técnicos passam para segundo plano. Perante a sua entrega, estes deixam de ter importância.
As suas interpretações eram psicologicamente densas e profundas, e é extraordinária a autenticidade das suas emoções em palco e a complexidade que incutia nas suas personagens. A sua extensão vocal era também um fenómeno por ser maior do que o comum: era-lhe possível cantar obras tanto para vozes mais leves, como para vozes mais pesadas, e até mesmo alguns papéis de mezzosoprano.
Mas o mais espantoso em Maria Callas é mesmo a sua entrega, que é efetivamente absoluta. Ofereceu o seu corpo, a sua voz e a sua alma à arte. As suas gravações continuam (e continuarão) a ser referências fundamentais no domínio da música e do canto.
Joana C. Pereira