Sociedade

Adiada concessão do terminal de mercadorias da Guarda

Escrito por Luís Martins

A Infraestruturas de Portugal procura soluções alternativas para entregar gestão do espaço na estação da Guarda depois do único concorrente do primeiro concurso público para a concessão ter sido excluído.

A concessão da exploração do terminal rodoferroviário da Guarda foi adiada para as calendas com a Infraestruturas de Portugal (IP) a procurar soluções para entregar a gestão de uma área com mais de 22 mil metros quadrados.
Numa resposta escrita a O INTERIOR, a IP recorda que o primeiro concurso público, aberto em abril deste ano, terminou com a exclusão do único concorrente e que desde então a empresa «encontra-se a avaliar soluções que possam ser materializáveis no curto prazo, tendo em vista dar continuidade à estratégia de valorização deste terminal». Nesse sentido, a Infraestruturas de Portugal admite mesmo que possam estar reunidas, «em breve, as condições necessárias para o desenvolvimento de uma nova solução» para a dinamização do Terminal de Mercadorias da Guarda e que a mesma será anunciada no «devido tempo». A empresa pública que gere e administra as infraestruturas ferroviárias e rodoviárias considera que o espaço disponível na estação ferroviária da cidade mais alta insere-se «num conjunto de infraestruturas rodoferroviárias consideradas importantes no domínio da atividade intermodal, com impacto direto no transporte ferroviário de mercadorias».
Álvaro Amaro lamenta o contratempo e reitera que o projeto é «muito importante para a Guarda, mesmo antes da modernização das linhas da Beira Alta e Beira Baixa estarem concluídas». O presidente do município espera agora que seja possível chamar de novo todos os candidatos do primeiro concurso público e avançar com um novo procedimento para encontrar um concessionário. «A Câmara da Guarda estava disposta a municipalizar aquele espaço para depois o ceder a empresas de logística, mas vamos continuar a tentar, com a IP, que a economia privada mostre interesse na exploração deste terminal», acrescenta o edil. A primeira tentativa para concessionar o espaço falhou quando o júri do concurso excluiu a única proposta apresentada, conforme noticiou O INTERIOR em agosto.
O procedimento tinha sido aberto a 3 de maio e destinava-se à concessão da exploração do terminal rodoferroviário da Guarda. O objetivo da IP é adjudicar a «exploração de bens do domínio público ferroviário, com a área de 22.170 metros quadrados no terminal ferroviário da Guarda, para a realização de cargas, descargas e armazenamento de mercadorias transportadas por caminho-de-ferro». O procedimento inicial estabelecia uma concessão por cinco anos com a possibilidade de renovação por períodos sucessivos de um ano até um limite de duas renovações. A adjudicação seria feita de acordo com «o critério do preço mais elevado para a concessão de exploração, considerando-se este como o valor mensal que o concorrente se dispõe a pagar por todo o período de concessão, não podendo esse preço contratual ser inferior a 1.679,00 euros por mês», lia-se no documento publicado em “Diário da República” em maio.
A Plataforma Rodoferroviária da Guarda localiza-se a 30 minutos da fronteira de Vilar Formoso, exatamente na confluência de várias linhas, com a denominada Concordância das Beiras, que permite fechar a malha constituída pela Linha do Norte, a Linha da Beira Alta e a Linha da Beira Baixa. Atualmente este terminal possui quatro linhas ferroviárias com cerca de 150 metros (cada uma) e, apesar de estar inativa, tem uma capacidade máxima de parqueamento de cerca de 400 TEU´s (TEU é a unidade que representa a capacidade de carga de um contentor de mercadorias) e acessos rodoviários diretos. Aquando da abertura do concurso, Álvaro Amaro declarou tratar-se do «primeiro passo para uma pretensão antiga» da autarquia. «Seria um absurdo que uma cidade às portas de Espanha, bem servida de estruturas ferroviárias e rodoviárias e com uma plataforma multimodal, não fosse vista como um local estratégico e com um potencial importantíssimo para o desenvolvimento do país», disse .

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Luís Martins

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