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Ressonância Magnética não funciona por falta de hélio

Equipamento instalado há quase dois anos no novo bloco do Hospital da Guarda custou mais de um milhão de euros e ainda não foi estreado

Custou mais de um milhão de euros, ainda não foi estreada, mas não pode ser utilizada porque o hélio necessário ao funcionamento da Ressonância Magnética instalada há quase dois anos no novo bloco do Hospital Sousa Martins, na Guarda, desapareceu. O caso está a ser averiguado.

O aparelho faz parte do equipamento inicial do edifício mais recente e nunca foi usado por falta de médicos radiologistas na Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda. A situação foi descoberta no mês passado, quando já haveria condições para iniciar o seu funcionamento: «Até agora só tínhamos uma médica radiologista, que está em Seia e vem ao Sousa Martins dia e meio por semana. Recentemente contratámos outra especialista, através de um contrato de prestação de serviços, que assegura mais dois dias. Tínhamos também programada uma ação de formação para técnicos radiologistas, que deveria iniciar-se na próxima terça-feira. Estava tudo pronto para começarmos a usar a Ressonância Magnética quando fomos confrontados com esta contrariedade», adianta Gil Barreiros, diretor clínico da ULS.

O problema é que agora é preciso gastar mais de 100 mil euros para repor os níveis de hélio – gás utilizado para arrefecer os hímenes das máquinas de IRM (imagem por ressonância magnética) e obter imagens de qualidade –, um esforço financeiro «com o qual não contávamos e nem temos possibilidade de realizar neste momento», afirma o presidente do Conselho de Administração da ULS. A situação já motivou a abertura de um processo de averiguações, a cargo do auditor interno, para descobrir o que aconteceu e apurar responsabilidades. «Queremos saber se resulta da incompetência de alguém, se é da responsabilidade da empresa que o instalou ou de problemas do aparelho», acrescenta Carlos Rodrigues. Segundo o responsável, a Ressonância Magnética estava «fechada numa sala e o acesso era restrito, por isso, o aparelho está como veio, ainda nem sequer foi testado». Esta é a única Ressonância Magnética existente na Beira Interior para exames complementares de diagnóstico, mas de pouco tem servido aos utentes da região, que têm que fazer estes exames em clínicas privadas.

Gil Barreiros refere que este tipo de exames começa a ter «alguma frequência de pedidos» na ULS da Guarda e que servem sobretudo para o «esclarecimento de dúvidas em termos de diagnósticos». O diretor clínico reconhece que o equipamento é «muito importante» para o hospital, mas recorda que, por causa da falta de especialistas de Radiologia na Guarda, seria «difícil usá-lo para exames programados porque teremos sempre que pedir relatórios a médicos externos. Já na Urgência, a Ressonância Magnética poderia ser um bom apoio», declarou o médico. Segundo o diretor clínico, este tipo de exames devem ser requeridos sempre que necessários. «O limite é o critério clínico, o bom senso do médico e a necessidade do doente», afirmou. Esta semana a ULS admitiu quatro técnicos de radiologia (dois ficam na Guarda e os restantes vão para o centro de saúde de Vila Nova de Foz Côa), numa medida integrada «na estratégia de entrada em funcionamento da Ressonância Magnética», disse Carlos Rodrigues.

Luis Martins

Comentários dos nossos leitores
Maria mariafdias@netcabo.pt
Comentário:
Uma VERGONHA ! Até porque foram os contribuintes a pagar e porque está de certeza a ser precisa !!
 

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