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«As pessoas vão notar diferenças e melhorias nesta edição»

António Oliveira, presidente da direcção da AENEBEIRA

P – Quais são as novidades da Feira São Bartolomeu este ano?

R – Para a edição deste ano não há propriamente muitas alterações em relação ao modelo que temos desenvolvido. No entanto, existem alguns aspectos cuja melhoria considerámos essenciais. Assim, os bilhetes vão ter valores diferenciados, sendo o normal a três euros, com excepção do dia 11, em que a entrada para o concerto de Tony Carrreira custará cinco euros. Para além destes, há também um bilhete próprio para o utilizador frequente, cujo preço será de 25 euros. Outra novidade surge com a preocupação em beneficiar e melhorar a zona dos restaurantes e das tasquinhas típicas, que estarão todos equipados de acordo com critérios que a associação impõe, e serão vistoriados antes da sua abertura. Naturalmente que os serviços ficarão mais caros para os seus utilizadores, mas não podíamos deixar de cumprir todas as normas em termos de higiene e segurança. Tivemos também a preocupação de trazer agentes económicos que representassem a gastronomia de outras regiões do país e, por isso, vamos ter um representante de Bragança e de Vila Real. Gostaríamos de ter representantes do Minho e do Ribatejo, mas, infelizmente, não foi possível porque chegámos um bocado tarde. Gostaríamos que aquele espaço tivesse uma mostra gastronómica nacional para a próxima edição.

P – E quais são os desafios para esta edição?

R – Esperamos continuar com o mesmo sucesso que foi até 2005, uma vez que, no ano passado, as condições atmosféricas levaram menos gente à feira. Tivemos de encerrar um dia por causa da chuva, o que provocou um prejuízo de 40 mil euros para a AENEBEIRA. Este ano esperamos que as condições climatéricas sejam favoráveis e que venham entre 120 a 150 mil pessoas, como acontece habitualmente em condições normais.

P – Quais as diferenças na organização do espaço da Feira?R – A zona dos espectáculos vai estar mais interessante e mais agradável. Vamos ter um conjunto de momentos de animação que decorrerão, quer no Pavilhão Multiusos, quer nas tasquinhas, entre as 20 e as 22 horas, durante alguns dias da feira. De uma forma geral, considero que as pessoas vão notar diferenças e melhorias nesta edição. A estrutura da feira envolve cerca de 230 agentes económicos, e o orçamento é de 290 mil euros, dos quais 56 mil são suportados pela Câmara, através da empresa municipal Trancoso-Eventos. Os restantes 234 mil são da responsabilidade da AENEBEIRA, que para esse efeito conta com um apoio de 33.500 euros do programa Leader +. O que significa que a associação tem que libertar 200 mil euros, conseguidos através do aluguer dos espaços, das bilheteiras e de alguns patrocínios.

P – Passados tantos séculos, a feira continua a afirmar-se na região, como explica isso?

R – A Feira de São Bartolomeu foi talvez a primeira feira franca criada em Portugal, em 1273, onde as nossas populações rurais expunham os seus produtos e se abasteciam para o Inverno. Hoje, cumpre um espaço e uma função completamente distinta daquela. Nos anos 80 estava em completa decadência e, a partir dessa altura, iniciou-se um processo de revitalização que passou por dar um carácter lúdico e de exposição ao evento. Actualmente, além de incluir uma mostra de actividades económicas, o certame tem uma parte lúdica fundamental com concertos, comida típica e artesanato.

P – Sendo a Feira São Bartolomeu um dos pólos de desenvolvimento económico da cidade, quais as outras apostas?

R – A feira é seguramente importante para a região, porque movimenta muita gente e dinamiza as actividades comerciais, incluindo o sector hoteleiro. Ela mantém e atrai pessoas, como, por exemplo, os naturais da região residentes no litoral, que aproveitam a Feira de São Bartolomeu para vir passar alguns dias. Do ponto de vista estratégico, penso que o desenvolvimento económico do nosso concelho passará seguramente pelo turismo. Trancoso irá fazer uma aposta na construção de algumas infraestruturas museológicas que permitirão segurar turistas durante algum tempo e aumentar a atractividade da cidade. Será o caso da Casa Museu Eduarda Lapa, do Centro Isaac Cardoso e do espaço museológico do Castelo. Gostaríamos que fossem cinco espaços, mas não sei qual a capacidade da Câmara para executar todos esses projectos. No entanto, tudo faremos para que, no âmbito do QREN, se encontrem os meios financeiros necessários para os desenvolver.

P – Que outros projectos serão determinantes para o futuro de Trancoso?

R – Tem de haver uma aposta na dinamização da actividade turística e também em outros sectores que consideramos estratégicos para o desenvolvimento da região, como as energias renováveis, a fileira florestal e das indústrias tradicionais ligadas ao sector agro-alimentar, sendo que esta apresenta uma produção muito significativa e já tem algum reflexo na actividade económica e no emprego. Temos vindo a defender, juntamente com o município de Celorico da Beira, que faria sentido a criação de uma ALE – Área de Localização Empresarial, no futuro IP2, junto ao nó de Vila Franca das Naves. Este projecto teria fundamento pela sua posição estratégica, envolvendo outros agentes económicos no âmbito de uma parceria público-privada.

P – Tem sido penalizador, em termos económicos, o atraso da construção do IP2?

R – A construção do IP2 terá uma importância decisiva, mas neste momento está num processo de avaliação ambiental em que o Ministério do Ambiente está a analisar as propostas apresentadas pelas Estradas de Portugal. Esperamos que este processo esteja concluído rapidamente para que possam avançar com uma obra que aguardamos há mais de uma década.

P – Para além da Feira São Bartolomeu, Trancoso tem uma certa capitalidade graças ao seu mercado semanal, como se encontra o projecto de requalificação do mercado?

R – Pretendemos não só requalificar toda a área do mercado municipal, que precisa de ser substituída, mas reconstruí-la para que seja um espaço coberto e funcional. Queremos também aproveitar a zona circundante para requalificar com um conjunto de lojas e estabelecimentos, onde se poderão instalar novas actividades comerciais e alguns serviços que, actualmente, não têm instalações capazes. É um espaço que terá que ter uma certa polivalência para corresponder a diferentes tipos de utilidades.

P – De que forma o novo mercado abastecedor irá alterar o funcionamento do comércio?

R – A infraestrutura não terá grande influência, apenas vai alojar os retalhistas que não tinham condições de funcionamento capazes e que terão um centro grossista com 32 lojas. No fundo, é algo que já existia e que vai melhorar significativamente a sua capacidade de atracção. É uma mais-valia para a centralidade de Trancoso.

P – Numa altura em que Trancoso tem alguns projectos, o principal empregador privado irá deslocar parte da sua produção para Pinhel, como vê isso?

R – Tudo fizemos para apoiar a actividade desta empresa de confecções. Está instalada em Vila Franca das Naves num armazém que a Câmara cedeu quase gratuitamente e, ao abrigo do apoio ao investimento, concedemos um subsídio de 50 mil euros, que a empresa só ainda não recebeu porque estamos a aguardar que apresente as certidões de não dívida à Segurança Social e às Finanças, sem as quais a Câmara nunca poderá fazer esse pagamento, conforme está na lei. E, por isso, o processo não depende apenas da nossa boa vontade. Ficámos algo surpreendidos quando soubemos que ia transferir parte da sua produção, mas tranquilos porque a apoiámos em tudo o que foi possível.

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