Crna agora?

Quando o actual governo tomou posse, escrevi nesta mesma coluna que tínhamos um primeiro-ministro com nome de país, acrescentando umas graçolas sobre a rugosidade que caracteriza o relevo de ambos.
O que não imaginava é que meses mais tarde se viria a saber de umas casinhas do Montenegro balsâmico da mesma forma que descobri com surpresa umas casinhas do Montenegro balcânico, na aldeia de Njeguši, quando atravessava as montanhas Lovćen.
Ambos os Montenegros têm como estratégia de desenvolvimento das suas economias domésticas usar as subvenções, um de países representados por estrelas amarelas, outro de paizinhos que representam sóis verdes.
Ambos os Montenegros têm vizinhos que falam a mesma língua, mas a que sérvios e socialistas chamam nomes diferentes para fingirem que são distintos.
Montenegro em montenegrino é Crna Gora. Montenegro em social-democrata é Esta Agora.
Montenegro é um pequeno país. Montenegro é um grande pai.
Montenegro é maioritariamente ortodoxo. Montenegro é minoritariamente paradoxo.
Muita gente quer ver as costas de Montenegro, e quase toda a gente quer ver Montenegro pelas costas.
Não sei se alguma vez Pedro Nuno Santos foi a Podgorica, mas tenho a certeza que tem medo do capital de Montenegro.
História infantil da semana: era uma vez o menino Volodymyr, que se defendia como podia do matulão Vladimir, que roubava, violava e torturava Volodymyr apenas porque Volodymyr não aceitou suicidar-se. Um dia, Donald, outro matulão, chegou ao recreio e chamou os dois porque queria acabar com a pancadaria. Elogiou Vladimir e insultou Volodymyr. E quando Volodymyr perguntou “ajudas-me?”, Donald passou-se e mandou Volodymyr parar com a pancadaria. Vladimir continuou a atacar Volodymyr. Donald não lhe disse nada.
Moral da história: há quem ache que Donald é que está correcto. Que o fim do mundo esteja convosco.

* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia

Sobre o autor

Nuno Amaral Jerónimo

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