P – A nova equipa do Aquilo Teatro assumiu a direção no passado sábado. Porque aceitaram o desafio?
R – Tivemos esta vontade de agarrar no Aquilo Teatro para renovar a companhia e dar-lhe uma nova vida, iniciar um novo ciclo, e também para aprofundar mais a arte a que chamo “underground” – dar espaço a todos os artistas e pessoas que se queiram apresentar em todo o tipo de arte, seja o canto, teatro, tricô, etc.. É um espaço em que toda a gente é bem-vinda e esse é o nosso propósito. Com a nova direção e novos membros, acho importante referir que a nossa vontade é trabalharmos como uma equipa, apesar de haver cargos ou papéis que cada um tem de legalmente assumir, mas a intenção é sermos só um. Queremos que as pessoas que venham ao Aquilo Teatro se sintam em casa.
P – Os novos órgãos sociais foram apresentados no sábado, antes de uma tarde de “stand-up comedy”. O humor não está muito enraizado na cultura guardense…
R – Sou suspeita, gosto muito da arte do “stand-up comedy” e a nossa equipa também. Na Guarda ainda não há esta cultura de ter um espaço onde os artistas comediantes podem testar o seu texto, ou onde as pessoas possam ir rir num ambiente leve. O humor tem essa capacidade e é isso que queremos trazer – uma nova arte à Guarda. Além dos risos e da boa disposição, contamos também com a bonita voz da nossa Mariana Lisboa.
P – Como é que vai funcionar o Aquilo Teatro a partir de agora?
R – Não estamos abertos todo o tempo e os nossos eventos vão ser pessoais. Por exemplo, se alguém quiser vir apresentar o seu trabalho ou necessitar de um espaço para ensaiar ou treinar uma arte é só contactar e conversamos. Toda a arte é bem-vinda. De resto, sempre que tivermos algo planeado vamos comunicar através dos meios de comunicação social e também das redes sociais.
P – Atualmente, há muita gente ligada ao Aquilo Teatro?
R – Para além da equipa base, temos também companhias que entram em contacto connosco e com as quais fazemos parcerias para que seja possível dar mais asas ao teatro e à nossa arte. Temos bastantes associados ativos no Aquilo Teatro e queremos genuinamente que a arte cresça na nossa região.
P – Como olha para a cidade em termos culturais?
R – Não consigo responder por toda a equipa, mas eu acredito mesmo que a Guarda está a necessitar de um espaço onde os jovens se possam expressar de forma livre. Neste momento, a arte na Guarda está bastante afunilada e concentrada e não sinto que haja espaço para a expandir. Por conversas que tenho com jovens, sinto que lhes falta isso. Este novo ciclo no Aquilo Teatro também tem esta visão, de dar a quem tenha uma banda a oportunidade de vir ensaiar, ou a quem queira montar uma peça, fazer workshops, entre outros. O objetivo é dar estas oportunidades a quem quer crescer neste ramo – mas claro, muito mais para os jovens que querem crescer a nível artístico.
P – O que têm planeado para os próximos tempos?
R – Uma vez por mês vamos ter um encontro na sede do Aquilo. A base chama-se “Aqui.Lo(u)comotriz” e vamos ter, por exemplo, um projeto que é a cultura do arroz, porque a maneira como comunicamos com o arroz vai influenciar os grãos, então vamos fazendo testes com palavras bonitas e menos bonitas. Vamos também ter o projeto “Infringente”, feito de conversas entre pessoas. Há ainda a oportunidade das pessoas fazerem uma refeição de olhos vendados e outra experiência em que vão estar sem Internet, sem qualquer estímulo, que agora é tão recorrente.
______________________________________________________________________________________
Perfil:
Nome: Maria Miguel
Presidente da direção do Aquilo Teatro
Naturalidade: Guarda
Idade: 32 anos
Profissão: Professora de Yoga
Currículo (resumido): Pertence ao Aquilo Teatro desde os 12 anos, onde fez várias peças e “workshops”. Estudou Engenharia, Línguas, Economia e Gestão de Recursos Humanos e acabou, mais tarde, por trabalhar em África.
Livro preferido: “A insustentável leveza do ser”, de Milan Kundera
Filme preferido: “Rei Leão”
Hobbies: Yoga