É crença de algumas religiões orientais que o universo tem equilíbrios insondáveis. Também há pessoas que acreditam no Nirvana, mas em materia de fé, nunca fui fã do grunge. Esta semana, esse equilíbrio yin-yang ficou mais uma vez provado. Se por um lado, o benfiquismo festejou em Portugal, por outro, o socialismo desesperou em Espanha. Para cada tragédia, uma esperança. Por cada vermelho que salta, há outro que se demite.
Cada vez mais me sinto próximo de uma adaptação liberal (e não literal) do velho lema zapatista, “hay gobierno socialista? Soy contra”.
Mas ao contrário de Espanha, onde perde Sanchez e ganha Xavi, vivo nesta circunstância de ter gostos minoritários e quase nunca vitoriosos num país onde o povo tem clara preferência por todas as agremiações que sejam simbolizadas pela cor vermelha e lideradas por homens de apelido Costa. Ele é campeonatos, ele é eleições, ele é geringonças no parlamento, ele é golos nos descontos.
É por isso que quando há jogos do campeonato ou debates parlamentares, prefiro desligar a televisão e ouvir clássicos do cançonetismo nacional-pimba, que esses, ao menos, são propositadamente trágico-badalhocos ou cómico-piegas.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia