Vai uma aposta que Costa até gosta ou que quando é um ministro não importa como se comporta?
Na semana passada, esta coluna era um rol de queixumes porque António Costa não se preocupava com nada do que acontecia em Portugal, e nessa mesma noite, eis que se toma de amores pelo interior – por enquanto, não o interior do país, mas o interior do governo. Importante é começar por algum lado. Sobre urgências hospitalares encerradas, o chefe do governo nada diz. Mas sobre emergências legislativas assinadas, ninguém cala o primeiro-ministro.
Ouvi várias elucidações para o imbróglio criado entre Santos e Costa, mas nenhuma me esclareceu tanto como a de um comentador do “Expresso da Meia Noite” que afirmou peremptoriamente que tudo tinha acontecido por causa da hipótese A, ou da hipótese B, ou até mesmo da hipótese C, e que ele não tinha elementos para saber o que se tinha passado. Como político hábil, o primeiro-ministro não o disse publicamente, mas foi exactamente isto que se passou: o motivo pode ter sido qualquer um, e ninguém sabe nada que permita explicar o que quer que seja.
A oposição pôs-se a gritar que ficou a faltar a demissão. Discordo. Os ministros de António Costa já cometeram asneiras bem mais graves do que escrever num papel “eu quero um aeroporto”. Só para dar um exemplo totalmente aleatório, apesar da pressa com que o ministro assinou o despacho, nem o aeroporto do Montijo nem o de Alcochete atropelaram alguém – a não ser as ambições políticas de Pedro Nuno Santos.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia