Se o desígnio de um político é servir, o seu único direito é cumprir o seu dever.
Foi esse sempre o meu lema ao longo de décadas na defesa do interesse público. Cesso agora a missão que o povo da Guarda me confiou de o representar na Assembleia da República. Foram seis anos de intensa atividade de um deputado sempre presente.
Nunca faltei a um plenário ou a uma reunião das muitas comissões especializadas que integrei.
No Parlamento, pautei a minha conduta pelo respeito e educação e praticamente todos naquela casa, desde o senhor presidente Eduardo Ferro Rodrigues aos deputados de todas as bancadas, funcionários ou forças de segurança, reconhecem o Santinho Pacheco da Guarda. Procurei ser sempre, ao longo das legislaturas, o rosto e a voz do nosso distrito. Conhecia bem as nossas terras, os nossos autarcas, as nossas instituições e isso ajudou muito a um desempenho de proximidade. Há um certo simbolismo nas causas a que me dediquei. Na Raia, no Douro ou na Serra da Estrela nada me era indiferente ou estranho.
O episódio da Caixa Geral de Depósitos de Almeida, logo no início do meu mandato, foi marcante. Desafiar o banco público a encerrar a sua agência na Assembleia da República, para a manter em Almeida, mostrou determinação. Lutar contra a exploração do urânio em Retortillo (Espanha), a poucos quilómetros da fronteira, era um compromisso com o futuro. A realização das Jornadas Parlamentares no distrito foi uma homenagem aos nossos concelhos e a confirmação da capitalidade e centralidade regional da Guarda. Posteriormente, a realização da Cimeira Ibérica na nossa cidade reforçou o seu peso político.
Há marcas que vão assinalar a minha passagem pelo Parlamento. A 2ª fase do Hospital e Pavilhão 5 foram levadas muito a sério. A Guarda não cedeu e ganhou. Todos fizemos por isso e o meu quinhão de exigência não pode ser ignorado. Cumpri o meu dever!
O porto-seco, a ferrovia, a reabertura da linha do Douro até Barca d’Alva, contra a barreira que as portagens representam, exigir a construção dos IC’s da Serra da Estrela, a Agricultura e o Ambiente, a defesa das reservas estratégicas de água, a instalação da Unidade de Emergência da GNR, localizar na Guarda o Centro de Educação Rodoviária, o Parque TIR e outras infraestruturas em Vilar Formoso, o reforço do IPG enquanto motor de desenvolvimento, lutar pela sustentabilidade da Economia Social, entre outros, a que junto muitas centenas de atos parlamentares, fossem intervenções em plenário, projetos de lei, projetos de resolução, perguntas e requerimentos ao Governo, são a demonstração cabal de que, comigo, foi mesmo “fogo à peça”.
Os membros do Governo, originários do distrito e os deputados socialistas eleitos pelo nosso círculo, aos olhos da opinião pública, cumpriram a sua obrigação. E isso ajudou a que o PS, nas legislativas de 30 de janeiro, tivesse na Guarda a maior subida, em todo o país. Apesar da pandemia, ficam prontos para executar um conjunto de projetos que vão marcar a história contemporânea da nossa região e que puxam pela autoestima e unidade dos guardenses. A gratidão é um sentimento que quero partilhar com todos. Tudo o que foi feito devo-o às gentes, instituições e aos autarcas do distrito da Guarda.
No momento em que deixo a Casa da Democracia regresso às nossas terras com a consciência tranquila e grato pela oportunidade que o distrito me deu para o servir. Mudo de posto, mas não mudo de lado. No pleno exercício da minha cidadania, manifesto a minha disponibilidade para continuar a colaborar em todas as iniciativas que aportem modernidade ao distrito, criem emprego, fixem jovens, revertam o despovoamento.
Adoro a Guarda e já não tenho idade para mudar de gosto. Os tempos que se vivem exigem de todos nós consciência cívica. Bem hajam e um forte abraço do Santinho Pacheco.
* Deputado cessante do PS na Assembleia da República eleito pelo círculo da Guarda