Aneurisma da aorta abdominal: conheça esta doença silenciosa

Escrito por Arlindo Matos

“A sua génese está relacionada com um processo inflamatório da parede arterial, que leva à rotura das suas fibras elásticas, conduzindo assim à dilatação da artéria.”

O aneurisma da aorta abdominal consiste na dilatação da parede de um segmento da artéria aorta a nível do abdómen e é uma manifestação de aterosclerose, ou seja, de uma doença degenerativa da parede das artérias, em que placas de gordura se acumulam nas artérias, neste caso concreto a nível da aorta abdominal.
É mais frequente no homem do que na mulher e a sua frequência aumenta com a idade. A sua génese está relacionada com um processo inflamatório da parede arterial, que leva à rotura das suas fibras elásticas, conduzindo assim à dilatação da artéria. A causa do processo inflamatório inicial não é ainda conhecida mas está relacionada com os denominados fatores de risco de aterosclerose, nomeadamente o tabaco, a hipertensão arterial, e a dislipidemia, ou seja, o aumento das gorduras no sangue sobretudo do colesterol.
Sendo um processo degenerativo crónico, não causa frequentemente qualquer sintoma, e por isso o seu diagnóstico é, na maior parte dos casos, uma descoberta acidental no decurso de um exame de imagem abdominal, tal como a ecografia ou a TAC, habitualmente realizados por outros motivos. Esta ausência de sintomas esconde, contudo, uma situação potencialmente grave e mesmo fatal: a rotura do aneurisma comporta um risco de morte superior a 75% se tratada de emergência e de 100% se não tratada. Quando tratado efetivamente antes da sua rutura, o risco de morte é inferior a 5%.
A deteção precoce, através de uma ecografia ou ecodoppler abdominal, assume extrema relevância, particularmente nos homens acima dos 50 anos, fumadores, e sobretudo se existirem factores de risco aterosclerótico ou antecedentes na família de aneurisma da aorta abdominal.
Quando existem sintomas, frequentemente a doença já está numa fase avançada, sendo eles: dor abdominal intensa, dor lombar intensa, ou até choque hemorrágico caracterizado por tensão muito baixa, palidez, suores, e mesmo perda de conhecimento.
O seu tratamento, quando indicado, consiste na colocação de uma prótese sintética, que vai substituir a parede do segmento da aorta doente e dilatada. Esta intervenção pode ser realizada por cirurgia convencional (com abertura no abdómen) ou minimamente invasiva (endovascular) em que são introduzidos cateteres na virilha.
A decisão quanto à modalidade aberta ou endovascular, não se baseia contudo apenas na opção do cirurgião ou do doente, mas depende fundamentalmente das características do aneurisma no que respeita à sua forma, distância livre de doença abaixo das artérias renais, ângulo entre o eixo da aorta e o do aneurisma, entre outros fatores.
Mantenha a vigilância do seu estado de saúde e aconselhe-se com o seu médico. Lembre-se que um diagnóstico atempado contribui para um melhor prognóstico.

* Cirurgião Vascular no Hospital CUF Viseu

NR: Esta secção é uma colaboração mensal do Hospital CUF Viseu, na qual os seus profissionais partilham conselhos e dão dicas sobre saúde.

Sobre o autor

Arlindo Matos

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