P – O que sente ao ser distinguido pelos 45 anos de dedicação aos bombeiros da Guarda?
R – É um sentimento muito grande porque comecei aqui desde pequenino, tenho 63 anos e ainda continuo no ativo. É sinal que tenho saúde para cá andar e para continuar a trabalhar com os bombeiros mais novos, que têm outras maneiras de trabalhar relativamente a quando eu entrei. São outros sistemas de trabalho completamente diferentes e sou eu que tenho de saber acompanhá-los e levá-los para a frente.
P – Como foi ingressar tão novo, com apenas 18 anos, nos bombeiros?
R – Desde pequenino que fui habituado aos bombeiros. O meu irmão mais velho entrou para os Voluntários Egitanienses e foi ele que nos chamou, tanto a mim como aos meus irmãos, para o voluntariado. Foi uma paixão que abraçámos desde o início e me incentivou a seguir a carreira de bombeiro. Passados estes anos cá estou eu ainda no ativo, porque os bombeiros é como se fossem a minha família.
P – Quais foram os piores momentos passados ao serviço dos bombeiros voluntários da Guarda?
R – Já tive alguns maus momentos aqui. A nível de acidentes ou de incêndios, principalmente no antigo IP5. Houve acidentes muito graves, com pessoas que morreram, infelizmente, acidentes que eram mesmo de uma pessoa ficar aflita porque custava a ver. O IP5 deu-nos muita dor de cabeça, mas felizmente já não há tantos acidentes como havia antigamente.
P – A construção deste quartel foi um ponto de viragem?
R – Sim, muito. Eu ingressei nos bombeiros ainda no quartel antigo, na Rua Alves Roçadas, depois ainda estive na construção do outro ao lado do La Vie e depois vim para este. No segundo quartel foi onde tive mais trabalho, onde tive mais conhecimento daquilo que são os bombeiros. Foi onde comecei a agir como bombeiro e a gostar mais do que fazia. Agora, neste quartel, é muito melhor ainda, com as condições, os carros e os bombeiros que temos, além das formações que ao longo dos anos fomos adquirindo. Foi muito bom vir para aqui, porque com estas condições os nossos bombeiros estão a evoluir.
P – Como vai ser o futuro? Há mais gente nova?
R – Sim temos muita gente nova a entrar para todas as corporações. Há alguns que têm um espírito de bombeiro, criam dinâmica e sabem o que é ser bombeiro. Agora também há pessoas que entram e não têm noção do que somos e o que fazemos. Entram cá, integram-se na sociedade dos bombeiros e ficam a gostar porque os bombeiros são uma família, trabalhamos todos juntos e trabalhamos bem, porque queremos o melhor para a nossa população, queremos servi-los bem. Enquanto puder, espero por cá continuar até aos meus 66 anos, que é a idade da reforma dos bombeiros.