Sociedade

Vender da Guarda para o mundo

Casa Esteves
Escrito por Efigénia Marques

A Casa Esteves, uma loja de comércio tradicional, exporta produtos para vários países graças às encomendas online numa plataforma criada pelos filhos de Cristina Esteves

Cristina Esteves é proprietária da Casa Esteves, que está aberta há 37 anos na Rua Infante D. Henrique, junto à Câmara da Guarda. A loja fundada pelos pais está hoje a seu cargo e o negócio chega a todo o mundo graças à Internet.
A comerciante começou a trabalhar aos 18 anos a vender bibes, batas clínicas e roupa para criança. «Cheguei a faltar à escola para vir para a loja, isto é uma coisa que nasceu comigo, adoro conviver e este espaço é a minha vida. Fui criada aqui e os meus filhos também. Eu amo a minha lojinha e não sei viver sem ela», admite Cristina Esteves, emocionada. E é com a ajuda dos filhos que agora consegue levar as peças que fabrica para vários pontos do mundo através de várias plataformas (Facebook, Instagram e email) onde os clientes podem escolher padrões, cores e tecidos. O resto, o trabalho, fica a cargo de Cristina Esteves: «Os meus dois filhos fizeram um programa em que consigo divulgar padrões e feitios e eu, através da minha experiência, produzo as peças que os clientes pretendem, com tamanhos exatos e precisos», explica a comerciante.
As encomendas vêm da Suíça, França, Luxemburgo e Espanha, alguns dos países onde a Casa Esteves já tem clientes que contactam este comércio local através das redes sociais e do email, duas ferramentas que são «uma ajuda brutal», afirma a comerciante. «Às vezes, eu nem conheço o cliente, eles encomendam, eu fabrico e envio pela transportadora, o que facilita muito o trabalho», garante. No entanto, Cristina Esteves considera que o comércio tradicional «sofre um bocado» com a Internet, pois as pessoas «compram cada vez mais online» e menos nas lojas da cidade. «As pessoas da Guarda deviam-nos “guardar” mais um bocadinho porque já estamos aqui há tantos anos e temos preços bons e material nacional de qualidade», justifica.
A comerciante sublinha ainda que a falta de vendas está a agravar-se, pois «quem tinha dinheiro eram as pessoas mais idosas» que, no caso da Casa Esteves, são os seus principais clientes. «A maior parte são avós e pessoas das aldeias que vêm à cidade comprar uma peça de roupa para os netos e bisnetos, mas agora já ninguém compra nada disso, as reformas são muito pequeninas», lamenta, dizendo que os «jovens deviam comprar mais no comércio local, mas eles preferem mais as grandes superfícies». Com o potencial das novas tecnologias à vista, Cristina Esteves só lamenta «não ter começado com este projeto de vendas na Internet há 10 anos» e explica que mudou o sistema da loja para se adaptar a esta nova realidade. «Comecei a fazer os desenhos de bibes e faço vários modelos com diferentes padrões e agora, em vez de vender 20 bibes por mês, vedo muito mais. O mesmo acontece com as batas e isso atrai os clientes», destaca.
Para dar vazão à procura, a comerciante conta com uma costureira com a qual trabalha há mais de 30 anos, mas garante que tudo o que sabe aprendeu com «a melhor», a sua mãe e «faço isto com amor».
Cristina Esteves garante que não lhe «falta nada» e o que deseja é ter «saúde para continuar mais 20 ou 30 anos com este negócio. Recebo cá os meus amigos e clientes e quero continuar a receber desde que não me falte saúde».

Emanuel Brasil

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Efigénia Marques

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