Dois advogados e um empresário foram constituídos arguidos esta terça-feira por suspeitas de terem recebido indevidamente sete milhões de euros de fundos europeus para abrirem uma fábrica de pellets na Guarda. Dois dos arguidos foram mesmo detidos pela Polícia Judiciária, na operação “Cash Flow”.
Apresentada como a maior fábrica de pellets de Portugal, a Khronodefine, pertencia ao grupo AtGreen, e laborou um ano apenas na plataforma logística da Guarda após um investimento de 15 milhões de euros e uma comparticipação de 7 milhões do FEDER. Quando fechou, em julho de 2023, deixou 30 pessoas no desemprego e vários meses de salários em atraso.
O inquérito é titulado pelo Departamento de Investigação e Ação de Penal Regional de Lisboa. De acordo com um comunicado da PJ enviado a O INTERIOR, os arguidos e detidos na operação são suspeitos de terem constituído uma sociedade com o intuito de a candidatar a apoios financeiros da União Europeia.
Posteriormente, submeteram um projeto ao Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) para criar uma unidade industrial de produção de pellets, na Guarda. Segundo a Judiciária, os três arguidos terão feito tudo para beneficiar de um incentivo mais elevado, apresentando, nomeadamente, «despesas inflacionadas e contratos simulados com outras empresas».
Estão agora indiciados dos crimes de corrupção, fraude na obtenção de subsídio agravada, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. Vão ser presentes a primeiro interrogatório judicial no Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa, para aplicação de medidas de coação.