Sociedade

Hugo Marques, um guardense perto da guerra

16 03 2022 07 48 25
Escrito por Efigénia Marques

Engenheiro informático reside em Cracóvia, onde já se começam a sentir os efeitos da guerra com a afluência de refugiados ucranianos

Hugo Marques tem 38 anos, é natural da Guarda e saiu de Portugal em 2013. Viveu na República Checa, na Alemanha e neste momento este engenheiro informático reside em Cracóvia, cidade polaca onde já está há cinco anos.
Devido à invasão da Ucrânia, iniciada a 24 de fevereiro, milhares de refugiados começaram a chegar à localidade. «Existe uma grande afluência de ucranianos, nota-se perfeitamente. Vou nas ruas e ouço falar ucraniano ou russo – porque há muitos sítios da Ucrânia em que se fala russo – e apesar de não dominar o polaco, nota-se que não é polaco. Percebo perfeitamente que há muita gente que não é de cá», conta Hugo Marques a O INTERIOR. O guardense acrescenta que «tem sido uma grande lição», a nível pessoal, ver a solidariedade diária dos polacos. «Eu não tinha esta ideia em relação a eles e realmente é impressionante… Vou para o trabalho e os meus colegas dizem-me que estão a hospedar pessoas em casa deles, mesmo sem as conhecerem. Simplesmente abriram-lhes as portas e estão a dar-lhes comida e abrigo», revela o engenheiro informático
Para Hugo Marques, o que se está a passar é surpreendente: «É muito bom ver que estou num país em que as pessoas eram tão frias, ou pelo menos mais frias que nós portugueses, e que têm realmente bom coração», elogia. Cracóvia fica a cerca de 250 quilómetros da fronteira com a Ucrânia e o jovem guardense está a viver muito da guerra, mas ainda assim explica não ter medo do que possa acontecer: «Aliás, as pessoas aqui, no geral, não vivem com medo», sublinha. Ainda que existam residentes que ponderem a hipótese do conflito extravasar as fronteiras da Ucrânia, Hugo Marques admite que há um sentimento geral de que «se a guerra não parar na Ucrânia e for para outro país, não será a Polónia, em princípio, o principal “candidato”, portanto acho que toda a gente ainda tem aqui uma margem de manobra».
Contudo, o guardense refere que a primeira coisa que faria caso a guerra se estendesse aos países vizinhos era, «provavelmente, meter-me no carro e ir para Portugal». De acordo com os mais recentes dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), já fugiram da guerra quase três milhões de pessoas, sendo que desses, 1,7 milhões entraram na Polónia, fazendo deste o país com um maior número de refugiados ucranianos.

Sobre o autor

Efigénia Marques

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