A nomeação do novo Conselho de Administração (CA) da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda está por dias. Ao que O INTERIOR apurou, é intenção da ministra Marta Temido indicar um gestor da carreira da administração hospitalar para suceder a Isabel Coelho, cuja comissão de serviço terminou no passado 31 de dezembro de 2019.
Trata-se de um profissional que virá de fora da Guarda, mais propriamente de Coimbra e será da confiança de Marta Temido, que, do CA cessante, apenas deverá reconduzir a enfermeira-diretora, Nélia Faria, militante empenhada do PS na Guarda. Já Carlos Filipe Camelo nunca foi hipótese, primeiro porque o autarca de Seia não se mostrou interessado no lugar e depois porque o Ministério da Saúde vai dar preferência «à competência e ao profissionalismo» dos elementos da próxima administração da ULS da Guarda. Também o médico pneumologista Luís Ferreira, cuja demissão ditou a “queda” da Comissão Covid-19 no Hospital Sousa Martins, já confirmou não estar disponível para assumir um lugar no novo CA. Atualmente, a tutela já terá a equipa praticamente fechada, mas o segredo em torno dos nomes escolhidos tem sido essencial nesta fase de transição.
O INTERIOR sabe que a estrutura local do PS também tem sido mantida à distância, mas Seia já fez saber junto da tutela que quer um elemento da próxima administração da ULS presencialmente «dois a três dias por semana» no Hospital Nª Sra. da Assunção. «É uma unidade com muitos problemas e que não pode voltar a passar aquilo por que passou nos últimos anos com este Conselho de Administração», disse Eduardo Brito, líder da concelhia senense. Empossado em 2017, o CA presidido por Isabel Coelho é constituído por Fátima Lima (diretora clínica de cuidados primários), Fátima Cabral (diretora clínica de cuidados hospitalares), Sandra Gil (administradora executiva) e Nélia Faria (enfermeira diretora). Posteriormente, juntou-se-lhes José Monteiro, ex-autarca de Celorico da Beira, como vogal indicado pela Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE), cujo mandato também estava a terminar. A ULS da Guarda integra dois hospitais (Hospital Sousa Martins, na Guarda, e Nª Sra. da Assunção, de Seia) e 13 centros de saúde e presta assistência a cerca de 150 mil habitantes.
Entretanto, a demissão da Comissão Covid-19 deixou «muitíssimo preocupada» a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, que já pediu explicações «formais» sobre o assunto. Segundo Carlos Cortes, presidente daquela entidade, «foi-me garantido que as divergências não eram de ordem técnica ou clínica. O dirigente anunciou que vai aguardar pelas respostas da administração da ULS e da comissão demissionária, mas não esconde que «uma notícia destas cria sempre alguma instabilidade junto da população», tendo apelado novamente aos utentes – como já tinha feito há semana e meia quando visitou o Sousa Martins – que podem «continuar a ir ao hospital, que está preparado para os receber com total segurança». Também o
Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) já veio exigir a «clarificação» desta demissão. «Esta situação gera alguma instabilidade no seio dos profissionais e dos utentes da ULS e sem razões substantivas para tal. O SEP exige, pelo interesse de todos, que seja feita uma clarificação junto dos trabalhadores e da população», sustentou Honorato Robalo.
O dirigente nacional do SEP no distrito da Guarda alerta que a pandemia da Covid-19 «ainda não terminou» e sendo o hospital da Guarda «um dos hospitais de referência Covid-19» esta demissão em bloco da comissão pode dificultar a «organização formal entre os diversos responsáveis, quer do CA quer da Comissão, que deveriam estar unidos numa exigência clara do investimento do Orçamento do Estado e de medidas concretas para debelar necessidades estruturais da ULS da Guarda, nomeadamente recursos humanos e equipamentos».
Gestor hospitalar de Coimbra deverá presidir à administração da ULS da Guarda
Nélia Faria, atual enfermeira-diretora, deverá ser reconduzida no novo Conselho de Administração, cuja nomeação por parte da ministra da Saúde está por dias