A Câmara da Guarda aprovou por unanimidade a realização de uma consulta pública sobre o destino a dar ao edifício da antiga Casa da Legião, no centro histórico, em frente à porta principal da Sé Catedral.
O objetivo do anterior executivo, liderado por Chaves Monteiro (PSD), era construir um edifício de raiz para acolher a coleção de arte contemporânea de António Piné, mas agora o novo presidente, Sérgio Costa, decidiu realizar uma consulta, não vinculativa, à população. A proposta inclui três possibilidades: construção de uma nova praça, com a demolição do que resta do atual edifício e implementação de um parque de estacionamento para cerca de 50 lugares; a reconstrução do atual edifício, contemplando também um parque de estacionamento para cerca de 40 lugares; ou a solução que resultar da consulta pública aos guardenses. Sérgio Costa adiantou, no final da reunião quinzenal do executivo, realizada na segunda-feira, que a terceira hipótese «surgiu do diálogo mantido na reunião de Câmara», sublinhando que «queremos cada vez mais governar com a opinião das pessoas, num processo perfeitamente participativo».
O autarca acrescentou que, após ouvir o executivo, propôs uma terceira alternativa, recordando que esta última possibilidade foi aprovada por todos os vereadores. «A proposta não contempla, nem deixa de contemplar, a coleção de António Piné [antigo farmacêutico da cidade e colecionador de arte falecido este ano, que doou a sus coleção à Associação Nacional de Farmácias]», referiu, não sem antes reiterar que «fizemos questão de não colocar na proposta nenhum fim específico porque não queremos gastar dinheiro em estudos prévios, lançando ideias para a cabeça das pessoas, sem que os guardenses se pronunciem».
Aos jornalistas, Carlos Chaves Monteiro explicou que os três eleitos do PSD iriam votar contra a proposta, pois «ficámos pasmados com as duas alternativas», mas, como foi adicionada uma terceira possibilidade, os sociais-democratas votaram a favor, esperando que a proposta vencedora «contemple a criação de um Guggenheim [museu de arte contemporânea de Bilbao] à medida da Guarda, na sequência do que foi decidido pelo anterior executivo». O antigo presidente da Câmara lembrou que «houve contactos, troca de correspondência e reuniões, no anterior mandato, com a Associação Nacional de Farmácias e o arquiteto Souto Moura». Afirmações que Sérgio Costa desmentiu: «É mentira. Não há nenhum acordo na Câmara com a Associação Nacional de Farmácias ou com o arquiteto Souto Moura», reagiu.
Sobre este tema, o vereador do PS, Luís Couto, concordou com a consulta pública por se tratar de «uma situação melindrosa que tem que ser bem avaliada porque é preciso perceber o que se vai fazer daquele espaço, tendo em conta que o resta do edifício não tem valor arquitetónico, mas tem simbolismo para a cidade». O independente alertou ainda a autarquia para a necessidade de «começar rapidamente» com obras de requalificação dos dois edifícios degradados junto aos antigos Paços do Concelho e recomendou urgência na definição de «uma ideia sobre o que a Câmara quer para todo o centro histórico. É pena que não exista», sublinhou.
Na segunda-feira o executivo aprovou uma alteração ao Plano de Pormenor do Parque Urbano do Rio Diz com vista à instalação de uma empresa privada numa área com 12 mil metros quadrados, na zona do rio Diz. «Neste momento foi aprovada a abertura do procedimento com os termos de referência e, por aquilo que sabemos, é para um investimento empresarial. Já existia aí uma pretensão no Plano de Pormenor, mas agora pretende-se alterar e ampliar ligeiramente o uso do terreno», justificou Sérgio Costa. Aprovada foi também a proposta de alteração ao Plano de Pormenor da Plataforma Logística da Guarda, que, segundo o autarca, é uma área que «merece análise», pois a última revisão daquele plano já tem «cinco ou seis anos» e existem «espaços subaproveitados por estarem completamente ao abandono. Devemos equacionar se, dentro das leis do ordenamento do território, poderão ser utilizados para criar mais lotes para empresas ou para o parque TIR, que já começa a ser diminuto».
Outro dos assuntos abordados na última reunião do executivo foi a abertura de um concurso público urgente para a prestação de serviços de recolha, transporte a destino final de resíduos urbanos e limpeza pública no concelho da Guarda. O edil guardense especificou que se trata de um procedimento para assegurar a recolha dos resíduos sólidos no concelho «enquanto se está a resolver a questão do concurso público internacional que foi anulado e tem de ser feito rapidamente um novo». O executivo aprovou ainda uma proposta de construção de um parque de campismo na freguesia da Faia. «É uma proposta de um investidor privado no local onde já existiu outro no passado. Temos de dar todo o apoio legal a estas iniciativas», disse Sérgio Costa, sublinhando que este investimento é «muito importante para a Faia, para o Vale do Mondego e para o concelho».
Na reunião, o vereador Luís Couto queixou-se de «alguma falta de informação sobre o que está a acontecer na Câmara da Guarda», exemplificando com a questão dos refugiados ucranianos. «Ainda bem que a autarquia aderiu, mas, não se sabe quantos refugiados estão cá, quantos estão integrados, que trabalho está a ser feito, quem está a tratar da seleção dos eventuais empregos?», interrogou o eleito socialista.
Câmara quer gestão do campo do Vila Cortês
O executivo guardense discutiu uma adenda ao protocolo de reabilitação do campo de futebol de Vila do Cortês do Mondego.
O presidente Sérgio Costa defendeu que a autarquia deve assumir a gestão daquele equipamento, uma vez que foi construído, «em grande parte, com despesas suportadas pelo município» e porque há «uma manifesta necessidade de termos mais um campo sintético no concelho a operar rapidamente». A solução apresentada pelo presidente da Câmara da Guarda passa por gerir o equipamento com os clubes do concelho, no sentido de articular treinos e jogos, uma vez que o Campo do Zambito «está completamente assoberbado de jogos e com elevado desgaste».
Esta proposta foi apresentada na reunião de Câmara, para posteriormente ser discutida em Assembleia Municipal, no entanto foi retirada da ordem do dia após os vereadores da oposição terem pedido mais informações, «nomeadamente sobre os custos da respetiva gestão», disse o autarca aos jornalistas.
Luís Couto, vereador do PS, fez questão de questionar sobre «quanto irá custar à Câmara esta gestão/manutenção», sublinhando que o clube de Vila Cortês «não deverá ter prioridade sobre os demais clubes e associações da cidade e do concelho», à exceção dos jogos da equipa principal. «Os custos com a requalificação foram, em grande parte, suportados pela Câmara e será o município a assumir a sua manutenção», considerou.
Carlos Gomes