A Interrupção Voluntária da Gravidez foi tema na Assembleia Municipal da Guarda desta terça-feira. Bárbara Xavier, do Bloco de Esquerda da Guarda, trouxe o assunto para a ordem do dia e questionou o Ministério da Saúde e a ULS da Guarda quanto à ausência de consultas prévias de interrupção voluntária da gravidez, assim como as consultas para realização da interrupção da gravidez.
A moção foi aprovada na Assembleia Municipal da Guarda e Bárbara Xavier pede «que se cumpra a lei». «O direito da Interrupção Voluntária da Gravidez foi consagrado há 16 anos e na Guarda não ocorre», afirmou a deputada bloquista e fez questão de acrescentar que «nunca a IVG é apenas por um motivo financeiro. Felizmente podemos abortar pelo motivo que quisermos». O Partido Socialista ficou do lado de Bárbara Xavier. O socialista João Vaz lembrou que «o aborto é um direito e não há direitos absolutos. O direito do médico ser objetor de consciência não pode ser superior ao direito da mulher de abortar. O Sistema Nacional de Saúde tem de resolver esta lacuna… se os médicos são objetores de consciência nada os impede de dar o acompanhamento inicial à mulher».
Pedro Nobre, do Partido Social Democrata votou contra e assumiu que «gostava que os esforços feitos para promover o aborto fossem direcionados para promover e facilitar o nascimento de crianças – promovendo a vida e rejeitando a morte».
O presidente da Assembleia Municipal votou contra a moção, e dirigiu-se a Bárbara Xavier para pedir que «faça para si as suas considerações éticas, políticas e civis… respeite a objeção de consciência. E quero dizer-lhe que num grande hospital da zona de Lisboa, 92% dos médicos de obstetrícia invocaram objeção de consciência».
Face às duas intervenções contra a moção, a bloquista questionou «quer mesmo que venham crianças ao mundo quando não há propostas para as receber? Que ações vamos ter depois de obrigarmos uma mãe a levar a gravidez até ao fim? Quem se vai responsabilizar por estas mulheres e por estas crianças? Estamos a obrigar as mulher as terem filhos e a desresponsabilizar o Sistema de Saúde dessa proteção.
No final das contas, a moção foi aprovada com três votos contra 59 a favor e 7 abstenções. Bárbara Xavier pede ao Ministério e à ULS que cumpram e lei no que toca às consultas prévias e de realização da Interrupção Voluntária da Gravidez.
Segundo O INTERIOR apurou, no Hospital Sousa Martins as consultas de acompanhamento da Intervenção Voluntária da Gravidez têm sido feitas, no entanto, a interrupção da gravidez é feita noutros hospitais como por exemplo em Viseu.
Fonte hospitalar adiantou que ter o serviço de IVG a funcionar no Hospital da Guarda gera mais pressão nos serviços e urgências hospitalares que (como é sabido) nos últimos meses têm sido muito requisitados. Para além disso, os hospitais que garantem a interrupção da gravidez já estão devidamente equipados e organizados.
A mesma fonte acrescentou que as mulheres que recorrem à IVG e fazem a consulta de acompanhamento no Hospital da Guarda pedem para fazer o procedimento noutro hospital e referiu também que atualmente as mulheres já estão mais informadas e já não utilizam métodos perigosos ou não recomendados para interromper a gravidez. Esses casos passam pelo hospital e são conhecidos.