A pandemia da Covid-19 foi um descalabro para a maioria das empresas portuguesas, mas para a Egiquímica revelou-se uma oportunidade de negócio. Sem grande parte dos seus clientes habituais, o fabricante de detergentes e produtos de higiene que labora no parque industrial da Guarda teve que reorientar a sua produção e está agora a comercializar antisséticos e bactericidas para contornar os efeitos da crise económica.
«O canal Horeca, onde estão os nossos clientes, está parado, pelo que tivemos que nos desenrascar com o que tínhamos e neste momento estamos a fabricar quatro produtos específicos para o combate à Covid-19», adianta Fausto Tavares. O sócio-gerente da Egiquímica revela que atualmente a empresa produz mais de dez toneladas de antissético por semana e não tem “mãos a medir”: «Quem me dera ter dois turnos para produzirmos mais», refere, queixando-se também do aumento exponencial do custo da matéria-prima. «O preço do álcool disparou. Em janeiro o litro custava 0,70 euros, hoje pedem-me 3,20 euros. Além disso, em Portugal há escassez e o que há é de má qualidade. No entanto, o mercado está a regularizar aos poucos porque o pânico inicial já passou e este negócio vai manter-se por mais algum tempo», considera o empresário.
Fausto Tavares lamenta também a «concorrência desleal» de produtores como as adegas cooperativas, algumas das quais estão a vender álcool desinfetante sem ter autorização ou o CAE para tal. «Se é para oferecer a quem está na linha da frente desta “guerra” tudo bem, agora vender é que não pode ser porque estragam o negócio», critica, revelando que a Egiquímica doou recentemente álcool-gel a várias instituições da cidade e do concelho. «Neste momento estamos a trabalhar, mas não sei o futuro. Oitenta por cento dos nossos clientes, sobretudo na área da restauração e hotelaria, estão fechados e, infelizmente, muitos deles não vão reabrir devido à crise», constata o empresário, segundo o qual a crise “aguçou o engenho”. «Tivemos que nos virar para os bactericidas e intensificar a produção para dar resposta às encomendas. O problema é que o produto-base, o quaternário de amónio, não existe em Portugal, mas cloro ainda há. Temos também falta de material como doseadores», afirma.
Além de Portugal, que trabalha exclusivamente com distribuidores, a Egiquímica está a exportar estes produtos para Espanha. «Desde o início de março até agora, já produzimos cerca de 70 toneladas de antisséticos», declara Fausto Tavares. Fundada em 1989, mas no parque industrial da Guarda desde 1998, a empresa produz anualmente seis milhões de toneladas de detergentes e produtos de higiene e limpeza para uso nos sectores hoteleiro, institucional e industrial. Está certificada ao nível da qualidade e do ambiente, dispondo de um moderno laboratório próprio destinado à investigação e desenvolvimento de produtos, que resultou de um investimento de 200 mil euros.
Egiquímica combate crise da Covid-19 com produção de bactericidas
Com a maioria dos clientes encerrados, a empresa sediada no parque industrial da Guarda teve que reorientar a sua produção e não tem “mãos a medir”