«Sou motorista internacional, viajo sempre para lá de Espanha», diz Pedro Rabaça, motorista de pesados na empresa Transportes Bernardo Marques. Desde o início da pandemia de Covid-19 muita coisa mudou na rotina de trabalho deste guardense.
«No início, quando isto começou, encerraram tudo, casas de banho, espaços de refeição, e de higiene, mas agora estão a reabrir certos pontos, nomeadamente em França e em Espanha», adianta o camionista, que confirma não ser sujeito a qualquer tipo de controlo nas fronteiras. «Não há controlo aos pesados», explica Pedro Rabaça, acrescentando que apenas na Polónia lhe foi medida a febre e pedidos os documentos das descargas. Apesar disso, os procedimentos rotineiros foram alterados, reduzindo ao máximo o contacto entre trabalhadores. «Basicamente antes, quando chegávamos, assistíamos à carga ou descarga. Agora não podemos efetuar isso, ou seja, chegamos às empresas, dão-nos o cais, encostamos e aguardamos no interior do veículo», refere o guardense.
Equipado com máscara e luvas, o motorista afirma que tem grandes precauções no desempenho da sua profissão «não só por mim, mas também pelos outros», mas salienta que «desde que esteja sempre protegido não há qualquer problema. Não tenho medo». O medo só se adensa quando chega a casa e entra em contacto com a família. «Estive a semana passada em casa, não dormi com a minha esposa nem com a minha filha, porque uma pessoa não sabe… São muitos dias de incubação» da doença, afirma Pedro Rabaça. «Há motoristas, principalmente os de mais idade, que não se preocupam. Dizem que é uma gripe. Eu não vejo as coisas assim, mas pronto…», lamenta o guardense.