A ministra da Coesão Territorial garante que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) «não deixa nem os autarcas nem o interior de fora».
Na recente passagem pela Guarda, Ana Abrunhosa disse recusar «fazer a discussão do litoral contra o interior» e justificou que o plano tem mais financiamento para os grandes centros urbanos porque foi aí que «os impactos da pandemia foram mais terríveis». A governante acrescentou, no entanto, que o PRR «não é a última oportunidade», nem «deixa os autarcas e o interior de fora». E desafiou que o documento «será tanto mais do interior quanto mais os atores, os autarcas, as empresas, as CCDR, as ARS, todas as entidades, souberem mobilizar projetos para os executar», disse a ministra na cerimónia de entrega de unidades móveis de saúde, na passada quarta-feira.
O assunto tinha sido abordado por Luís Tadeu, presidente da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE), para quem o PRR não é um instrumento para promover a coesão territorial: «Infelizmente de tudo aquilo que analisámos no documento, não vislumbrámos essa abertura para as nossas legítimas expectativas em relação às necessidades deste território», lamentou. Por isso, o também autarca de Gouveia disse esperar que o documento final que será aprovado pelo Governo contemple «algumas das nossas legítimas aspirações». Na resposta, Ana Abrunhosa garantiu que o PRR será «territorializado e contamos com os autarcas para fazer os projetos porque não há obra sem projetos. O PRR ganha-se na execução, no terreno».
A ministra tranquilizou também os presentes, afirmando que já foram identificados no Plano de Recuperação e Resiliência «projetos e beneficiários do interior que perfazem dois mil milhões de euros, mas há muitas áreas no PRR que não têm identificado o território ou o beneficiário», tendo dado como exemplo áreas transversais para todo o país como a saúde e a habitação. Além disso, recordou que ainda está em execução o Portugal 2020 e é preciso preparar o próximo quadro comunitário PT 2030, cujo objetivo principal é «a coesão». Aos jornalistas, no final da sessão, a governante afirmou compreender as preocupações dos autarcas, a que sugeriu que devem «pensar o território de forma integrada e colocando as pessoas no centro das suas preocupações. Não é o betão, as estradas que fazem o desenvolvimento, são os projetos com impacto no território».