Região

Barragem cancelada em Girabolhos na ordem do dia devido a cheias

Escrito por Jornal O Interior

A necessidade da barragem de Girabolhos, que devia ter sido construída no concelho de Seia e foi cancelada pelo Governo de António Costa em 2016, voltou à ordem do dia por causa das cheias do rio Mondego na zona de Coimbra e Montemor-o-Velho na semana passada.
O assunto foi abordado pelo presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Engenheiros, que na passada sexta-feira defendeu que sem a construção dessa barragem, a montante da Aguieira, «será muito difícil» travar a repetição de cheias no Mondego. «Temos que deixar de olhar para as barragens associadas à energia e olhar para as barragens com todas as suas funções, de regularização, de armazenamento de água, de controlo de cheias e penso que isso vai ser cada vez mais importante no futuro», disse Armando Silva Afonso, numa conferência de imprensa na sede da delegação, em Coimbra, a propósito das inundações que afetaram o Baixo Mondego. Para o também docente de hidráulica na Universidade de Aveiro, face às alterações climáticas, Portugal tem de garantir «mais eficiência hídrica, seja para armazenar água em tempo de seca seja para controlar os caudais em situações de risco de cheia», o que disse não acreditar que se consiga «fazer sem mais barragens».
O aproveitamento hidroelétrico de Girabolhos foi adjudicado à Endesa, no quadro do Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico (PNBEPH) lançado no Governo de José Sócrates. Mas o projeto foi cancelado em 2016 a troco de indemnizações para a empresa e para os municípios afetados pela decisão. Nessa altura, as autarquias de Gouveia, Mangualde, Nelas e Seia receberam cada cerca de 1,5 milhões de euros. A barragem de Girabolhos, no rio Mondego, representava um investimento superior a 400 milhões de euros.

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