Sérgio Costa acertou contas e desfiou objetivos e compromissos para o mandato. Empossado no sábado, o novo presidente da Câmara da Guarda, o primeiro independente a assumir o lugar, lembrou que «o único poder absoluto é a voz e a vontade dos guardenses».
Numa sala António Almeida Santos, cenário habitual da Assembleia Municipal, a abarrotar, o autarca eleito pelo movimento independente “Pela Guarda” (PG) foi aplaudido efusivamente. No seu discurso, Sérgio Costa começou por dizer que a vitória aconteceu porque a Guarda «queria mudar» e reconheceu «quem sabe interpretar as verdadeiras e reais necessidades das pessoas e apresentar soluções credíveis para solucionar os seus problemas». O presidente reiterou que «quem ganha governa», mas constatou que as eleições de 26 de setembro deixaram claro que «os guardenses querem projetos de consenso e diálogo entre todas as forças políticas eleitas».
«Este é o enorme encargo que nos deram», afirmou, insistindo que esta «responsabilidade» deve ser «partilhada» com as demais forças políticas representadas no executivo e Assembleia Municipal. E avisou que os eleitos têm de «dar o exemplo e ser positivos e não entrar em quaisquer coligações negativas, que nada trazem a não ser guerras estéreis». Pela sua parte, compromete-se «a dialogar e a trabalhar com todos e para todos» e a «encontrar consensos» para governar para «não desiludir ninguém». Apesar da solenidade do momento, Sérgio Costa não evitou acertar contas com o passado recente ao dizer que estas eleições foram a resposta «aos que me prejudicaram no meu trabalho, na minha dedicação à Guarda e com isso feriram a minha dignidade, sem olhar a meios».
Dado o recado, o novo edil elencou as suas prioridades, onde fez questão de destacar o relacionamento com os presidentes de Junta, a quem garantiu «respeito e ajuda». Quanto a projetos, defendeu a «aposta forte» na plataforma ferroviária e no porto seco, «um projeto fundamental para o nosso desenvolvimento para os próximos 50 anos», e assegurou as Variantes dos Galegos, dos F’s e da Sequeira serão «finalmente uma realidade». Já os Passadiços do Mondego serão concluídos com «todas as infraestruturas necessárias» aos turistas. Sérgio Costa garantiu ainda que não abdica da reabertura do Hotel Turismo neste mandato e anunciou que quer fazer da Guarda a Capital Regional do Desporto, com a criação de uma «cidade desportiva» na zona urbana e a construção de novos campos sintéticos, pavilhões polivalentes nas freguesias e bairros da cidade.
Construir mais parques urbanos, despoluir as linhas de água, apoiar e incentivar a reflorestação do concelho e plantar uma nova mata municipal na Guarda são outras propostas. O presidente comprometeu-se ainda a implementar um programa de apoio para a reabilitação do centro histórico e a dar condições de «estabilidade fiscal e social» às empresas e famílias. Sérgio Costa anunciou também a criação na Guarda do Centro de Excelência de Transferência de Suportes do Arquivo Geral da Administração Central, que terá sido garantido pela ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa. E reiterou que não abdicará da construção da segunda fase do Hospital Sousa Martins e de ter mais médicos: «Teremos um caderno de encargos e necessidades que iremos entregar à tutela do Governo em mão. E não descansaremos enquanto ele não for cumprido», assumiu, prometendo ser «incómodo, teimoso, insistente e muito, muito persistente».
O novo executivo é formado por Sérgio Costa, Diana Monteiro e Amélia Fernandes (PG); Chaves Monteiro, Lucília Monteiro e Victor Amaral (PSD) e Luís Couto (PS).
José Relva preside à Assembleia Municipal
No sábado foi também empossada a nova Assembleia Municipal, que será presidida por José Relva.
A mesa foi disputada por duas listas, tendo os deputados escolhido o candidato do PG, que já tinha sido o mais votado nas eleições de 26 de setembro. José Relva sucede então a Cidália Valbom com 42 votos contra os 24 obtidos por João Correia (PSD). Registaram-se 16 votos brancos e dois nulos. «Não pensamos todos da mesma maneira – e ainda bem –, mas é na conjugação e na discussão de ideias que podemos atingir o objetivo que todos temos que nos propor e que é a Guarda estar melhor daqui a quatro anos do que está hoje», desafiou José Relva, para quem o importante são as pessoas e não só as obras. «Nunca nos esqueçamos que neste momento há pessoas na Guarda que passam enormes dificuldades», acrescentou o novo presidente da Assembleia Municipal que terá António Fernandes e Graça Rodrigues como secretários.
O PG elegeu 16 deputados municipais contra 15 do PSD e 10 do PS. Completam o órgão fiscalizador mais um deputado do CDS-PP, outro do Bloco de Esquerda e um do Chega, que se estreia em funções autárquicas. Nas freguesias, PSD continua a dominar com 22 presidentes eleitos, com destaque para a Guarda, enquanto o PS será poder em sete Juntas e o PG em cinco. Há ainda seis Juntas de Freguesias independentes.