Quem vem e atravessa a pseudo-condição de que o interior é longe, num país de dimensões reduzidas, encontra no destino, este que é o da cidade mais alta do país, o abandono.
O centro histórico, que deveria ser lugar de memória preservada e de diferenciação, é lugar que impressiona qualquer um. Quanto maior for a exploração, pelas ruas e ruelas adjacentes, maior será a estupefação. As casas abandonadas, perdidas, há muito, de tempo e de vida, multiplicam-se a cada passada. Habitam-nas o vício e os animais, na busca de abrigo vadio. Cidade digna de um filme de terror, indigna de más gestões políticas.
D. Sancho I viu as chamas de perto, tão perto como nunca haviam estado. Ardeu uma casa no coração da cidade e o presidente ignora o sucedido. Refere que não se deve fazer política com incêndios, o mesmo presidente que aquando os incêndios no Parque Natural da Serra da Estrela, em 2022, inundou – e bem – a comunicação social.
Ao senhor Presidente da Câmara da Guarda quero dizer que a política é assunto que diz respeito a todos os domínios da sociedade e não se pode estar na causa pública apenas para o que nos convém, quando nos convém. Tal como não se deve olvidar das responsabilidades, enquanto gestor público, seja qual for o contexto.
Deste mandato, três anos passaram e o centro histórico, em estado de ruínas e cada vez mais degradado, assistiu a um uso e a um abuso em forma de decibéis, palcos, camiões e carrosséis. Cada vez mais sujo, cada vez mais pobre, cada vez mais debilitado e vandalizado, vê o futuro cada vez mais longe.
Talvez perceba agora a presença tão frequente da Igreja nesta gestão autárquica: é que a um ano do seu término, só mesmo um milagre poderia pôr em curso um projeto estruturante para o nosso centro histórico. Pessoalmente, não creio em milagres, nem tão pouco em políticos de fraca visão.
Uma casa a arder
“Ao senhor Presidente da Câmara da Guarda quero dizer que a política é assunto que diz respeito a todos os domínios da sociedade e não se pode estar na causa pública apenas para o que nos convém, quando nos convém. “