Soneto do senador

Não sei de que te queixas, meu menino,
Só porque te fecharam o futuro.
Põe máscara, e trabalha no duro,
Que eu já garanti o meu destino.

Abri-me à troika, fechei-me ao vírus,
E bem mofava eu dos teus colegas:
“Como é que conseguem ser tão piegas?
A mim, cá não me apanham com três tiros”.

Agora, estou em casa protegido,
Morrer nesta altura, só descuidado.
E tu, meu rapaz, tens de trabalhar?

Cá estou eu disponível para ajudar.
Por dois euros, vai ao hipermercado,
Leva a máscara, e traz-me um batido.

* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia

Sobre o autor

Nuno Amaral Jerónimo

Leave a Reply