Os tempos correm de preocupação estampada nos rostos dos que, mais atentos, acompanham as notícias deste nosso mundo. Preocupação para não dizer perplexidade.
No Brasil, país que ao longo dos tempos foi capaz de nos ir surpreendendo da política ao futebol, do carnaval ao adocicado da sua música popular, reinventa-se e é ainda capaz de continuar a surpreender-nos. Desta vez com um “cara” de nome Bolsonaro que corre o risco de vir a ser eleito presidente do maior país da América Latina. Isto apesar de, truculento e boçal, atacar denodadamente ideais que se pensavam enraizados desde que o país irmão chutou para longe a ditadura. Parece mesmo que sofre de contágio do presidente da parte norte do continente, um tal Trump…
Mas, o que é mais estranho é que consiga convencer com o seu populismo quase metade dos eleitores, incluindo as mulheres que ele não se coíbe de, publicamente, tratar como seres menores. O mais estranho é que consiga convencer os brasileiros da suposta bonomia da ditadura e da introdução da pena de morte, da distribuição massiva de armas à população, da penalização da homossexualidade ou de medidas de controlo da população na defesa da eugenia que se pensava ser “doença” erradicada da civilização. Talvez tudo se explique muito simplesmente pelo seu nome do meio, Messias, e que os brasileiros acreditem que o que mesmo necessitam é de um tempo messiânico que salve o país…
Pela Alemanha, a extrema direita ganha na Baviera. Na Itália é o que se sabe. Na França das liberdades, Marine le Pen ganha pontos dia após dia. E estes são apenas alguns exemplos dos muitos que se poderiam apresentar deste mundo caótico em que parecemos viver.
Não nos esqueçamos que, lá pelos anos vinte do século passado, foi assim que se criaram Hitlers e Mussolinis…
Por cá chega agora o CHEGA de um tal André Ventura que, ressabiado com o seu PSD, decide virar à direita até sabe-se lá onde. Cavalgando, como os outros, um populismo demagógico, é bem capaz de colher frutos (relembremo-nos do que foi a sua candidatura à Câmara de Loures). É fundamental que o país democrático, o país de abril, abra os olhos para esta realidade. É também fundamental que os políticos credibilizem o exercício da verdadeira política, o que, vê-se a cada passo, não tem sido apanágio dos tempos mais recentes…
Também por cá, um tal de Tino de Rans, conhecido por ter os seus quinze minutos de fama sendo motivo de risota geral num congresso do Partido Socialista, parece querer avançar com a criação de um novo partido político que, não se sabe (eu não sei) em que ideais assenta, se é que os tem…
Voltando ao título, que tempos são estes que agora correm?…