Fotografias…

Escrito por Hélder Sequeira

As recentes Jornadas de Fotografia da Guarda, realizadas nesta cidade, podem ter passado à margem de muitos, mas ficaram, sem sombra de dúvida, nas imagens retidas por participantes e conferencistas.
Este evento, como foi noticiado, teve por objetivos evidenciar o papel da fotografia na sociedade contemporânea, divulgar trabalhos fotográficos incidentes sobre várias áreas e proporcionar um debate entre quantos (a diferentes níveis) se dedicam à fotografia.
Para além do contributo formativo e pedagógico subjacente, as referidas jornadas, com esta segunda edição, consolidaram um projeto que, devidamente apoiado, pode colocar a Guarda num merecido destaque; articulando-o com outras iniciativas que podem sustentar uma rede capaz de interagir de forma dinâmica e conquistar novos horizontes.
Nesta, como na anterior edição, foi percetível a quantidade e a diversidade de trabalhos fotográficos aqui produzidos, com qualidade, paixão e empenho em conseguir sempre a melhor foto. As serras, as paisagens, a flora, as aves, o património arquitetónico, as tradições, as pessoas, os traços identitários de uma região têm sido algumas das temáticas retidas pelas objetivas de quem veio partilhar conhecimentos e experiências.
Desde logo o interessante trabalho “The Portuguese Prison Photo Project”, de Luís Barbosa, distinguido, recentemente, pela Sociedade Portuguesa de Autores como o melhor trabalho de fotografia; um projeto que integra imagens feitas no interior do Estabelecimento Prisional da Guarda, as quais valem por mil palavras. Freelancer agenciado pela Invision Images (Grécia), Onimage (UK) e Win-Image (USA), Luís Barbosa tem vindo, desde 2008, a documentar festivais e atividades culturais.
Por outro lado, e reportando-nos às intervenções mais alargadas do programa, anotamos ainda neste contexto de novos contributos para as Jornadas de Fotografia da Guarda a presença de Jonh Gallo; um fotógrafo sócio documental que se apoia na fotografia «como ponto de partida para a criação de projetos abrangentes» envolvendo a comunidade «no âmbito da sensibilização para a necessidade de mudança de mentalidade». “Mirrorless is the new black, What the frame?” foi a proposta de reflexão deixada aos participantes.
No final deste evento a convergência de opiniões foi para uma desejada sequência que alcance novos patamares e gere um cada vez maior envolvimento de quem, na cidade e região, se dedica à fotografia ou faz dela a sua atividade profissional; uma iniciativa capaz de congregar recursos e incrementar novos trabalhos associados a uma região com múltiplos motivos de interesse e passíveis de mas diversificadas abordagens e leituras.
Como referiu Sebastião Salgado, a fotografia «é uma escrita tão forte porque pode ser lida em todo o mundo sem tradução»…

Sobre o autor

Hélder Sequeira

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